14/07/2008

SÉRGIO TEIXEIRA - PERSEVERANÇA UMA HISTÓRIA, UMA LIÇÃO


Eu nasci em Quixadá
há puco tempo atrás,
pouco porque ainda sou
um belo e jovem rapaz,
se tenho um cabelo branco
é sinal que no entanto
hoje eu desfruto a paz

Já não me doem os calos
que eu ganhei da enxada,
plantando feijão e milho
na terra por mim brocada.
Se esse era meu destino
Mesmo sendo um menino
não via razão em nada.

Eu sempre gostei de bola
reconheço meu talento,
quando atravessava um campo
me mexia o pensamento:
se largava a enxada
e ia bater pelada
ou seguia o meu intento.

Mamãe tinha que comer
e papai me esperava
eu seguia para o roçado
enquanto a bola rolava,
eu só olhava para o chão
preparando a plantação
que minha gente semeava.

Mas um dia eu decidi
partir para outro lugar,
fui morar em Fortaleza
Capital do Ceará
na casa de um parente
que morava antigamente
no bairro Tabapuá.

Quem quer ter algo na vida
tem que ser mesmo afoite,
sob o sol quente andar
e voltar pra casa a noite,
o sem muito embaraço
conquistar o seu espaço
tendo a fome como açoite.

Mesmo procurando emprego
não deixei de estudar,
com uma bicicleta emprestada
ou então a caminhar,
em porta e porta eu batia
e para a minha agonia
era em vão eu procurar.

Foi então que conheci
um oleiro que me deixou,
ajudar na olaria
e este ofício me ensinou,
ali eu lhe auxiliava
porém sempre eu procurava
um emprego que cessou.

Depois de um duro dia
de trabalho com o oleiro,
já não dava pra ficar
ganhando pouco dinheiro,
então fiquei a pensar
em voltar pra Quixadá
e trabalhar dia inteiro.

O oleiro me deu um agrado
que eu decidi investir,
em uma roupa bacana
para que eu pudesse vestir
dentro de um velhor trapo
eu estava aos farrapos
cansado de insistir.

No sábado eu fui ao Centro
comprar um short pra viajar,
de volta pra minha terra
que era mesmo o meu lugar,
e com o pensamento além
parei em frente ao Armázém
e comecei a matutar:

Eu vou pedir emprego
pois nada tenho a perder
se nada eu tenho aqui
para mim sobreviver,
mas eu só escuto "NÃO"
vou voltar pro meu Sertão
lá eu tenho o que comer.

Mas algo em mim dizia:
vá rapaz, peça um emprego!
foi quando criei corahem
superando o meu medo,
e cheio de esperança
com muita PERSEVERANÇA
disse ao vendedor em segredo:

Amigo você não tem
uma vaga pra trabalhar?
O vendedor atencioso
respondeu:vou lhe levar,
para falar com o gerente
pode ser que de repente
ele possa lhe ajudar.

Quando o gerente me viu
com o meu jeito do matuto,
meus dedos cheios de anéis
mal vestido e cabeludo,
disse: volte segunda-feira
mas corte essa cabeleira
que acertaremos tudo.

Aquela segunda-feira
eu jamais vou esquecer,
ganhei meu sonhado emprego
onde eu tinha que fazer,
enrolar e desenrolar pano
e para meu desengano
me deu vontade do correr.

As minhas mãos já doiam
e de tanto eu me abaixar,
sentia uma dor nas costas
dificil de suportar,
e pensei mais de uma vez
mais de duas, mais de três
em voltar pra Quixadá.

Me lembrei lá do roçado
a enxada, o calo na mão,
o Sol quente castigando
meu triste e seco Sertão,
percebi que no Armazém
tinha sombra e água também
um emprego e um patrão.

Despois disso nunca mais
eu pensei em desistir,
e foi enrolando pano
que vi o sucesso surgir,
trabalhando com vigor
pois pra mim não faltou
coragem para resistir.

Se passaram alguns anos
o gerente me chamou
deu-me tesoura e metro
promovendo-me a vendedor,
logo eu fui mais audaz
destaquei-me dos demais
demonstrando meu valor.

Hoje eu ainda estou
neste ramo de tecido,
mas as marcas da enxada
ainda tenho comigo,
e trago no coração
JUATAMA, meu Sertão
que foi meu primeiro abrigo.



S eus amigos hoje fazem
E sta pequena homenagem
R ecordando sua vida
G rande como sua coragem
I ncluídos nesta arte
O nde embarcam numa viagem.

P ara profissionalmente
A madurecerem tambem
R eceba meu verso e prosa
A ceite meus parabens
B om, continue sendo
E spirituoso e sincero
N o caminho da verdade
S iga feliz , eu espero

Fortaleza, 10 de agosto de 2006
direito autoral Pádua de Queiróz

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