24/01/2019

CORDEL E FUTEBOL - TORCEDOR APAIXONADO - PÁDUA DE QUEIRÓZ











Eu não creio em jogador

Que beija camisa de time

Para mim é falsidade

Classifico como crime

Se quer mostrar seu valor

Seja em campo vencedor

Pra que a torcida lhe estime.
 

Hoje só se ver mentira

Logo na apresentação

Chega no dia primeiro

Jurando ser campeão

E antes do dia sete

Abandona o escrete

E sem dar satisfação.
 

Corre para o time rival

Que promete pagar mais

Atletas com essa atitude

No meu Brasil tem demais

Ai me bate uma saudade

De atletas de verdade

Que víamos a tempos atrás.


Foi no Botafogo do Rio

Que sempre jogou Nilton Santos

Sua técnica refinada

Um verdadeiro encanto

O “ENCICLOPÉDIA” jogava

E ao mesmo tempo ensinava

Um futebol sem espanto.


Só saía de seu time

Pra jogar na seleção

Nilton Santos e o Botafogo

Foi caso de amor e paixão

Nossa Pátria de chuteira

Precisa é de caneleira

Hoje é só decepção.
 

Os três a zero para França

Naquela fraca campanha

E Zinedine Zidane

Nem precisou tanta manha

E o jogo no Mineirão?

Chocou a nossa Nação

Sete a um para Alemanha! 

 CORD

Depois dessa o torcedor

Ficou mais desconfiado

E mesmo assim não abandona

O seu clube tão amado

O futebol brasileiro

Ainda é o primeiro

Quantos estádios lotados.
 

Futebol pra mim é arte,

Saúde, esporte, alegria

É folclore, é tradição

E move a economia

Vou falar neste cordel

Sobre um torcedor fiel

Que conheci certo dia.
 

Era metido a poeta

Rimava assim de repente

Gostava de futebol

Mas de um jeito diferente

Qualquer camisa vestia

E o time que torcia

Era o que estava na frente. 


Certo dia eu censurei

Aquela sua atitude

Falei: você engana o homem

Mas a Deus ninguém ilude

Futebol é emoção,

É muito mais, é paixão

É melhor que você mude.


E ele depressa falou:

É você que tá errado

Futebol é minha vida

E não fique aperreado

Você vai me entender

Futebol é meu viver

Sou torcedor apaixonado.
 

Eu torço somente um time

E este time não tem cor

E neste jogo da vida

Torço pra ser vencedor

É o meu coração que diz:

Poeta pra ser feliz

Torça o time do amor.
 

Antes disso eu vivia

No eterno sofrimento

Eu não tinha namorada

E não queria casamento

E todo jogo de bola

O meu time levava sola

E decidi no momento.
 

Nunca mais vou ao estádio

Vou deixar de ser otário

Mas conheci uma garota

Após meu trabalho diário

Fiquei doidinho por ela

O problema é que o pai dela

Torcia o Ferroviário.
 

Que era o responsável

Da minha desilusão

Não podia ver meu time

Batia sem compaixão

Cinco a zero, oito a zero

Ao lembrar me desespero

E sinto grande aflição.
 

Decidi de uma vez

Enfrentar o meu rival

Comprei uma camisa nova

Mas não era oficial

Matutei logo um desdobro

Para engabelar meu sogro

Que me esperava afinal.
 

Para almoçar em sua casa

A fim de me conhecer

Mas quando eu entrei na sala

Quase deixei me abater

O homem era um fanático

Tinha um acervo fantástico

Em pensei em esmorecer.
 

Ao ver pôsteres de Mirandinha

Mazinho Loiola e Jardel

Narciso e Jorge Veras

E para incrementar o plantel

Zé Maria Paiva e Coca-cola

Cariús craque de bola

Implacável e tão cruel.
 

O homem olhou para mim

Me perguntou: afinal,

Você torce outro time

Ou está passando mal?

Eu respondi: meu sogrão,

Estou sentindo é emoção

E a alegria coral.
 

Pois foi vendo grandes craques

Exemplo de profissionalismo

Que eu cresci sendo Ferrim

E Ferrim de fanatismo

Hoje ainda sou Ferrim

Pois Ferrim é para mim

Sinônimo de otimismo.
 

Namorei aquela “Mina”

Após o consentimento

Do pai dela que aceitou

O nosso relacionamento

Mas o namoro acabou

Quando ele me falou:

Vamos marcar o casamento!
 

Olha você acredita

Que eu até já “Flamenguei”

Foi uma carioca bonita

Que um dia eu encontrei

Já torci para o Floresta

Que gata linda, que festa

Quase que eu me casei.
 

Já torci para o Vovô

Por causa de uma morena

Também torci Guaraju

Confesso, valeu a pena

E quem eu namoro agora

Vou lhe dizer sem demora

Parece atriz de cinema.
 

O meu time tem mais raça

Tem mais gloria e tradição

É o time da garotada

Muitas vezes campeão

E eu digo com certeza

Que eu levo meu Fortaleza

Dentro do meu coração.

 
Baturité 24/01/2019
Pádua DE Queiroz

13/01/2019

CACIQUE SOTERO, GUARDIÃO DA MEMÓRIA - PÁDUA DE QUEIRÓZ


Eu só sei dizer uma coisa
Que não me sai da memória:
Só existe uma maneira
De preservar a história.
É repassa-la adiante
Em um trabalho constante
De uma forma bem simplória.
O reisado, a cantoria
De viola e o cordel
Deixa-la ao esquecimento
É uma atitude cruel
Nós temos a necessidade
De uma continuidade
Pra fazer nosso papel.
O nordeste brasileiro
É uma fonte inesgotável
De cultura que aflora
Esquece-la é inaceitável
Eu me sinto orgulhoso
De ser um cabra teimoso
De uma alma inabalável.
E eu jamais esmoreço
E nem penso em parar
Essa mania de artista
Que escreve e sabe rimar.
Porque se eu desistir
Quem é que vai transmitir
Para o povo do lugar?
Todo os conhecimentos
Das culturas populares
O cordel dos cordelistas
O cantador e seus cantares
Não é complexo este assunto
Basta a gente chegar junto
E olhar com outros olhares.
Como mestre dos saberes
E saberes da nossa cultura
Eu vejo como um resgate
A minha literatura
E dessa forma eu espero
Falar do Cacique “Sotero”
Que é uma grande figura.
José Maria Pereira
Dos Santos, eu admiro
Pois sua lição de vida
Conhecimento adquiro
Cacique dos Kanindés
Este sim, É nota dez
Sua palavra é um tiro.
Certeiro nos corações
Dos ditos civilizados
Que bebe o suor dos pobres
Deixando-os desamparados
Jamais negou suas raízes
Dele somos aprendizes
E tão bem orientados.
Desde menino, Sotero
Como assim é conhecido
Tem trabalhado incessante
Pelo seu povo querido
É um indígena indigenista
É guerreiro, é ativista
Não deve ser esquecido.
Seu trabalho, sua luta
Sua coragem, sua fé
Resgatando a memória
Do seu povo Kanindé
Quase foi posto de lado
Mas hoje é valorizado
No Maciço de Baturité.
Sotero é inspiração
Para o seu povo guerreiro
Apresentando Aratuba
Para o Ceará inteiro
E o maior feito seu:
Foi o primeiro Museu
Desse estado brasileiro.
Ferramentas de trabalho,
E artesanato também
Artefatos para caça
Expostos no museu tem
Trajes ornamentais
Usados em rituais
Que ele conhece bem.
Pois não tem como falar
Do seu povo Kanindé
Se a gente não mencionar
O ritual da “Toré”
Uma dança característica
Onde o povo e sua mística
Demostra toda sua fé.
Fé que o nosso Cacique
Sotero não abandonou
A pesar de que seu pai
Muitas vezes lhe alertou:
“Sotero você é novo
Cuidado com esse povo
Que nossa gente matou!”
Mas negar suas raízes
Nunca passou na sua mente
Ser índio e querer ser
Uma coisa diferente
Não dava para entender:
“Eu sou índio e quero ser
Índio daqui pra frente!”
Desde jovem trabalhou
Sem abandonar jamais
A sua origem indígena
A herança de seus pais
Sotero saiu do mato
Pra fundar o sindicato
Dos trabalhadores rurais.
Quarenta anos de luta
Defendendo o agricultor
Da sua bela Aratuba
Trabalhando com amor
Nos tempos da ditadura
Dedicou-se a agricultura
O Cacique sonhador.
Porém em dois mil e sete
Sotero se aposentou
Como trabalhador rural
Mas pensa que ele parou?
Que nada. Sotero tinha
Muito amor por sua terrinha
E de vez se dedicou.
A sua gente e costumes
Na sua comunidade
Assumindo então de vez
Sua auto identidade
Sua primeira atitude
Foi mostrar pra juventude
O valor da liberdade.
Mesmo sem formação
Não se viu aperreado
Pois sua vida vivida
Lhe rendeu seu doutorado
Muito tinha pra ensinar
E só assim preservar
Sua cultura, seu passado.
E saiu contando história
Para o povo escutar
Sobre os costumes e crença
Da sua gente foi falar
Em diversas universidades
De diferentes cidades
Um Cacique a palestrar.
Chamou logo a atenção
De toda classe acadêmica
Com o seu “cocá” colorido
Sem ter medo de polêmica
No peito amor e fé
De um guerreiro Kanindé
Sua esperança era idêntica.
A de tantos que respeitam
Para assim ser respeitado
E Sotero hoje é mestre
Da Cultura em nosso estado
Orgulha da minha terra
Que fica em cima da serra
Meu Cacique, obrigado.
Quero dizer que aprendi
Muito com a sua história
O seu título de Mestre
Para nós é uma vitória
Tesouro da nossa cultura
Nosso exemplo de bravura
Guardião da nossa memória.


CACIQUE SOTERO
José Maria Pereira dos Santos, O  Cacique Sotero, nasceu no dia 15 de novembro de 1943 no Sítio Fernandes, zona rural do município de Aratuba/CE. Fundador do primeiro museu indígena do Estado do Ceará.
Premiado pela Secretaria de Cultura do Estado do Ceará no edital 2018, com o título de MESTRE DA CULTURA, na categoria MUSEU INDÍGENA.


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09/01/2019

PRÊMIO JOVEM DO ANO/2018

Clarissa Calado(vereadora de Baturité) - Apoiador(a) Cultural

NO DIA 21 DE DEZEMBRO DE 2018 A ASSOCIAÇÃO ARTE E CULTURA PÔR DO SOL(MULUNGU/CE), NUMA NOITE FESTIVA, PREMIOU VÁRIOS ARTISTAS DA GRANDE REGIÃO DO MACICÇO DE BATURITÉ, EM SEUS SEGUIMENTOS.
A VEREADORA DE BATURITÉ, CLARISSA CALADO RECEBEU O PREMIO NA CATEGORIA APOIADOR(A) CULTURAL  POR SEU INCANSÁVEL TRABALHO, DEDICANDO-SE A ARTE E AOS ARTISTA DA SUA CIDADE BATURITÉ.

O POETA PÁDUA DE QUEIRÓZ RECEBEU O PREMIO NA CATEGORIA POETA/ESCRITOR.
"Saber que nosso trabalho é reconhecido fora de casa, nos dar mais força e ânimo para continuar nossa arte, até que um dia quem sabe, Baturité veja com bons olhos o artista, e passe a valorizar o trabalho dele, que é a identidade de seu povo."


Pádua de Queiróz - Poeta/escritor

PÁDUA DE QUEIRÓZ - ESFEROGRAVURAS