01/03/2011

RAIMUNDO FAGNER E PÁDUA DE QUEIRÓZ



RAIMUNDO FAGNER E PÁDUA DE QUEIRÓZ

AUTOR PÁDUA DE QUEIRÓZ

Meu senhor dono da casa
de salão iluminando
escute agora o poeta
que hoje muito inspirado
com a arte dos cordelistas
homenageia um artista
que nasceu nesse estado.

RAIMUNDO FAGNER, poeta
artista plástico e cantor
canhotinha bom de bola
é um eterno tricolor
hoje o velho menino
se orgulha de ser nordestino
e caboclo sonhador.

Que já cantou o Orós
e o Quixeramobim
as praias do Ceará
e o mar que não tem fim
o amor da minha amada
que sempre de madrugada
vive juntinho de mim.

O seu nome pelo mundo
muita gente já conhece
e eu demonstro o respeito
que eu sei que ele merece
menino bola de meia
que canta e não se aperreia
canções que ninguém esquece.

Eu recordo aquela noite
lá no CENTRO CULTURAL
eu que cheguei de manhã
pra assistir afinal
sob o relento ao vivo
um show dele exclusivo
que anunciava o jornal.

O povo no anfiteatro
ía se aglomerando
eu olhava o relógio
que lentamente passando
sob a sombra de um coqueiro
eu olhava prazeteiro
o Sol se distanciando.

A brisa do mar soprava
refrescando o ambiente
até fiquei assustado
espiando tanta gente
assim de toda idade
com muita tranquilidade
alí pacientemente.

Só eu estava irriquieto
pois não esperava a hora
de ouvir seu violão
que quando toca até chora
qual poema de amor
de um poeta em sua dor
pensando em sua senhora.

E eu alí continuava
na penumbra do coqueiro
a data eu jamais esqueço
vinte e oito de janeiro
daquele ano dois mil
que a multidão aplaudiu
o maior dos cancioneiros.

O show ía começar
porque sua vóz ecoou
e ao ouvir me arrepiei
quando trêmulo ele cantou
a canção "Sinal fechado"
e o povo maravilhado
feliz lhe acompanhou.

Lá debaixo do coqueiro
nem com a ponta do pé
não dava mais para vê-lo
porém não perdi a fé
eu sou caboclo serrano
eu sei que nunca me engano
eu sou de BATURITÉ.

Eu parecia um ladrão
quando quer roubar um côco
quinze metros de coqueiro
para mim foi muito pouco
então subí de repente
e me sentei tranquilamente
me livrando do sufoco.

Uma visão panorâmica
daquele belo terraço
então eu pude desfrutar
confortável em meu espaço
e eu que tanto esperei
nem sequer me encomodei
com a fome e o cansaço.

Naquela noite podia
morrer astros e voar mundo
medo de morrer não tinha
num deslize, num segundo
depois de uma canção
cantada de coração
pelo velho e bom Raimundo.

Que cantava com euforia
fazendo juras secretas
correndo entre os canteiros
cantando pra este poeta
que na lembrança de um beijo
realizou seu desejo
sentindo a vida completa.

Cantarolei cada verso
sem desafinar o tom
lá na Praia de Iracema
Ví a Lua do Leblon
mas o homem também chora
quando o cantor vai embora
acabando o que era bom.

E como as pedras que cantam
partiu num pau-de-arara
deixando a felicidade
estampada em minha cara
pois ainda hoje eu sinto
é verdade eu não minto
a alegria que não pára.

Sem um trocado no bolso
voltei pra casa feliz
por ver e ouvir o maior
cantor desse meu País
mas quase que não descí
do coqueiro que subí
que loucura que eu fiz.

E eu faria novamente
se outra ocasião
eu tivesse para ouvir
a sua bela canção
quem sabe um dia talvez
chegará aminha vez
de apertar a sua mão.

Quando eu conto essa história
que um dia me aconteceu
eu as vezes sou comparado
por alguns amigos meus
com o personagem bíblico baixinho
que se chamava ZAQUEU.

PÁDUA DE QUEIRÓZ