05/01/2011

OS IRMÃOS DO CANGAÇO: A MORTE DE ANTONIO E LIVINO




OS IRMÃOS DO CANGAÇO: A MORTE DE ANTONIO E LIVINO.

A poesia contada é a mesma cantada. Não há como não falar de LAMPIÃO, se não tiver uma dose de terror, medo, dor e sangue...Não há como falar de Lampião se não tiver um qualquer de festa, coragem, alegria e suor. suor que por muitas vezes lavava o chão manchado pelo sangue de inocentes derramado pela passagem da polícia conhecida por volante, especializada em espalhar pânico entre os sertanejos, disceminando a propaganda enganosa de que sua caça simbolizava a opressão.
O quinto trabalho de Pádua de Queiróz, publicado pela gráfica JABRIVAS, com a tiragem de 15.000 exemplares esgotou em menos de um mês. OS IRMÃOS DO CANGAÇO: A MORTE DE ANTONIO E LIVINO. É um presente ofertado por este poeta, aqueles que buscam respostas de infinitas perguntas sobre o cangaço. E escrito dessa forma poética, podemos dirimir algumas dúvidas
de quem realmente o povo tinha medo naquela época em que valia a Lei ditada.
MARIA MARLI - POETISA CEARENSE.



OS IRMÃOS DO CANGAÇOS:A MORTE DE ANTONIO E LIVINO
POETA PÁDUA DE QUEIRÓZ

Eu peço ao divino Deus
neste momento em questão
que ilumine minha mente
com a luz da inspiração
para através de meu verso
escrever o meu protesto
e também minha opinião.

Neste Brasil de Antonio
Conselheiro e Lampião,
Patativa do Assaré
e Luis Rei do baião
muita gente logo esquece
o nome de quem merece
ser lembrado até então.

Sou poeta cearense
sou artista popular
minha poesia é a arma
que eu uso pra lutar
através de meu repente
eu defendo a minha gente
que não deixa de sonhar.

Mas é obrigado a votar
e escolher seu semelhante
que eleito logo esquece
de ajudar seu semelhante
no mundo civilizado
excluido e abandonado
não tem paz um só instante.

É tratado como um bicho
já extinto no País
não tem direito a saúde
vive doente e infeliz
não tem direito ao direito
nascer pobre é um defeito
hoje o rico é quem diz.

E foi por esse descaso
ou melhor esse abandono
que no Nordeste surgiu
Em cada lugarejo um dono
tomando propriedades
cometendo atrocidades
expulsando a cada ano.

Toda pessoa de bem
que vivia no Sertão
trabalhando em suas terras
na lavoura e criação
até o "coronel" deixar
ele era a lei do lugar
e exigia a submissão.

quem perdia o que era seu
ou sofria humilhação
se embrenhava na Caatinga
em busca de proteção
ninguém queria vingança
mas aquela gente tão mansa
não tinha outra opção.

A não ser roubar do rico
o que o rico lhe roubou
fazendo valer a lei
que o próprio coronel ditou
e nesse tempo e espaço
nascia assim o cangaço
que ao Nordeste assombrou.

Eu conheço tanta história
de cangaceiro valente
que agiam sempre em grupo
no Nordeste antigamente
Mas só um foi o maior
não foi bom, nem foi pior
não houve outro igualmente.

Virgulino era seu nome
sua alcunha, LAMPIÃO
que ainda jovem fugiu
junto com seus dois irmãos
Antonio e Livino Ferreira
Que na vida cangaceira
Procuraram proteção.

Assumiu logo o comando
de um grupo de cangaceiros
quando atirava a noite
clareava o terreiro
com inteligencia e malícia
foi o terror da polícia
que caçava esse guerreiro.

No dia quatro de Junho
essa data é verdadeira
Que Virgulino assumiu
o bando de Sinhô Pereira
Mil novecentos e vinte e dois
que o destino lhe impôs
a árdua vida cangaceira.

O cangaço era visto
aos olhos dos governantes
como uma simples desordem
de uns coitados ignorantes
e toda aquela rebeldia
logo, logo acabaria
nada tinha de importante.

Mas Lampião era esperto
E tão bem auxiliado
era mesmo imbativel
com os seus irmão ao lado
Antonio na retaguarda
e Livino na vanguarda
não temia ser emboscado.

Por ser rápido e eficiente
como uma metralhadora
foi entregue a vanguarda
do bando para "Vassoura"
e por esse apelido
Livino ficou conhecido
entre a horda acolhedora.

Antonio também era dono
de uma grande liderança
e cobria a retaguarda
do bando numa matança
por acreditar que um dia
a paz enfim reinaria
foi chamado de "Esperança".

Inumeráveis batalhas
foram por eles travadas
porém três anos depois
sua fé foi abalada
em uma luta em Flores
Lampião sentiu as dores
do fim de sua vanguarda.

Num combate de três horas
balas raspando no "cuco"
a polícia entrou em fuga
e Vassoura, então maluco
subiu num grande lajedo
pra ver borrar-se de medo
os fujões de Pernambuco.

Um soldado que ficara
chamado de "Zé Inaço"
fez pontaria e acertou
Vassoura no espinhaço
Com esse tiro mortal
Livino elí se deu mal
caindo em seu próprio laço.

E antes do último suspiro
a Deus pediu seu perdão
e para a Nossa Senhora
lhe pediu a intercessão
e por fim pediu Livino
Para Antonio e Virgulino
Justiça pro seu Sertão.

E pra ser corpo não ser
profanado pelo o inimigo
Lampião cortou a cabeça
de seu irmão, seu amigo
e mesmo pra alguém tão rude
aquela macabra atitude
o deixou tão constrangido.

E no dia vinte e cinco
do Natal de vinte e seis
Esperança, finalmente
encontrava a sua vez
a sua paz tão sonhada
numa tarde mal-fadada
num ato de insensatez.

Na fazenda Poço do Ferro
um dos coitos de Lampião
o seu bando descançava
das últimas lutas então
quando houve o ocorrido
Antonio Ferreira ferido
despediu-se de seu irmão.

Virgulino que estava
bem distante no momento
quando ouviu o estampido
parecia até com um vento
e ao chegar encontrou
Antonio que lhe contou
o triste acontecimento.

Pois brincava com Luis Pedro
seu amigo de confiança
disputando uma rede
porque queria Esperança
nela poder se deitar
e começou a brincar
como se fosse criança.

Luis que estava deitado
com um rifle em sua mão
foi puxado por Antonio
que derrubou-lhe no chão
a arma então disparou
e mortalmente acertou
porém sem ter intenção.

E disse mais: meu irmão
se você gosta de mim
eu quero que de hoje
você goste tanto assim
do nosso compadre Luis
pra ninguém ser infeliz
porque chegou o meu fim.

Meu compadre Luis Pedro
não abandone nosso irmão.
Luis Pedro disse: eu juro
Olhando pra Lampião
Meu compadre eu juro a vós
nem a morte separa nós
nas lutas neste Sertão.

Ao desprender-se do corpo
de Antonio já sem vida
Lampião olhou pra Luis
que com a vós estremecida
disse para Virgulino:
me mate sou assassino.
Mas lampião em seguida.

Abraçou com Luis Pedro
com tristeza e comoção
dizendo: tenha coragem
me dê aqui sua mão
porque de agora em diante
você pra mim é importante
como foi o meu irmão.

Luis você não tem culpa
não aumente a desgraça
Antonio com certeza está
ao lado da Divina Graça
foi morar com Mãe e Pai
e com Livino que em paz
agora mesmo lhe abraça.

Depois sepultou Antonio
Junto a um pé de cajarana
a dor da sua familia
troturava sua alma humana
e com um punhal na mão
desafiou a assombração
por mais de duas semanas.

E seguido por seus cabras
rumou para o Ceará
mas ninguém compreendia
o que estava a falar
e nas estradas do Sertão
vagou louco o capitão
que não podia chorar.

Um mês depois do ocorrido
a policia descobriu
a cova de Antonio Ferreira
e o comandante pediu
que arrancasse com o facão
a cabeção e então
municiou seu fuzil.

e ordenou que numa estaca
aquela cabeça fincasse
mandando aos soldados
que todos nela atirasse
e deixaram-na abandonada
na beira de uma estrada
pra mostrar pra quem passasse.

Que o cangaço já era
que ele era o melhor
cangaceiro não prestava
não tinha alma e o pior
era filho de chocadeira
raça ruim desordeira
espécie de marca maior.

Manuel Neto era o chefe
dessa força policial
que agia em Pernambuco
sem escrúpulo, sem moral
E assim tão desumano
profanou um corpo humano
dessa forma irracional.

Assim era a policia
grande força desordeira
irmã contrária ao cangaço
fazendo à própria maneira
equipada, armada e forte
espalhando medo e morte
tendo a Lei como bandeira.

Muitas vezes Lampião
sepultava os inimigos
encomendando suas almas
para serem absolvidos
porque não era fraterno
deixa-lo sofrer no inferno
como sofrem os excluídos.

Que vivem no meu Sertão
sem ter direito ao direito
sem terra e se comida
mas elegendo o Prefeito,
Governador e Presidente
depositando nessa gente
o seu sonho já desfeito.

Sou poeta por que sou
nasci assim e acredito
que meu verso é um Dom
de Deus Pai do Infinito
Fraternidade e razão
tenho fé que meu Sertão
ainda será mais bonito.


Pádua de Queiróz

A HISTORIA DA LITERATURA DE CORDEL

A HISTORIA DA LITERATURA DE CORDEL
para GONÇALO FERREIRA DA SILVA
PÁDUA DE QUEIRÓZ

O poeta cordelista
Co muita satisfação
se apresenta no colégio
MARISTA SAGRADO CORAÇÃO
para falar do cordel
porque esse é o seu papel
de magnifica missão.

A didática é o objetivo
maior dessa literatura
que aborda vários temas
de diferentes culturas
nas ruas e Universidades
o cordel tem prioridade
até na magistratura.

Eu posso até comparar
este trabalho singelo
Com a obra de Shakespeare
que um dia escreveu"OTELO"
o cordel é importante
tal qual livro de Cervantes
nossos folhetos são belos.

Eu vou contar a história
da literatura de cordel
rabiscando com uma caneta
uma folha de papel
mas peço sua atenção
para esta narração
que eu garanto ser fiel.

Como tinha um formato
de fácil confecção
os folhetos eram expostos
pra sua comercialização
nas feiras e nos mercados
onde eram dependurados
simplesmente num cordão.

É por isso que até hoje
ele não foi esquecido
a literatura de cordel
ganhou esse apelido
conquistando corações
atravessando gerações
com seus poetas queridos.

Gil Vicente, grande nome
da literatura medieval
já publicava o cordel
no Reino de Portugal
dessa forma Gil Vicente
Escreveu pra sua gente
Poesia e peça teatral.

Os portugueses trouxeram
para o Brasil colonizado
o folheto ou cordel
que logo foi adotado
como a principal leitura
depois da Santa Escritura
do Nosso Livro Sagrado.

E no Século dezenove
começaram a impressão
dos primeiros folhetos
típicos de nossa nação
totalmente adaptados
tendo os fatos relatados
pelos poetas do Sertão.

Os fatos mais variados
eram descritos em poesia:
política, religião
o real e a fantasia
a história de um povo
registravam um fato novo
de tristeza ou alegria.

E nos lugares distantes
sem rádio e televisão
o cordel era cantado
sob o luar do Sertão
através dos violeiros
que narravam no terreiro
os feitos de LAMPIÃO.

LEANDRO GOMES DE BARROS,
MANOEL CAMILO DOS SANTOS,
JOÃO MARTINS DE ATHAYDE
espalhavam o seu canto
JOSÉ PACHECO,HERMES VIEIRA
empunharam essa bandeira
que eu carrego e portanto.

Dê-me um lugar de destaque
na arte de fazer verso
por isso caros alunos
humildemente eu te peço
também divulguem essa arte
vocês também fazem parte
dessa lista de sucesso.

Atualmente o cordel
é tão útil e importante
poetas contemporâneos
trabalham a todo instante
na sua arte didática
onde o aluno é temática
em sua rima constante.

Quase tudo é virtual
o cordelista é esperto
mesmo distante dos centros
ele pode ser descoberto
seu acesso é disponivel
e rapidamente acessivel
se digitar o SITE certo.

Lá na CAMARA BRASILEIRA
DE JOVENS ESCRITORES
todos os meus contemporaneos
exibem enfim seus valores
cada cordel publicado
é de certo um legado
para alunos e educadores.

GONÇALO FERREIRA DA SILVA,
ANTONIO AMÉRICO MEDEIROS,
KLÉVISSON e ARIEVALDO VIANA,
AZULÃO e MANOEL MONTEIRO,
VARNECI e ABRAÃO BATTISTA
hoje são grandes artistas
igualmente aos pioneiros.

Tem LUIS CARLOS ROLIN,
GUAIPUAN, GONZAGA VIEIRA,
ZÉ MARIA DE FORTALEZA
e JOÃO MELCHIADES FERREIRA,
JOSÉ COSTA, RUBÊNIO MARCELO,
VICENTE VITORINO MELO
brava gente brasileira.

Eu sou PÁDUA DE QUEIRÓZ
sou poeta cordelista
que se orgulha em posar
ao lado desses artistas
que em prol da liberdade
escreve só a verdade
com o seu ponto de vista.

E juntamente com os mestres
desse Centro de Estudo
mesmo com dificuldades
somos capazes de tudo
com amor no coração
fé no Pai da Criação
sem precisar ser sisudo.




padua.dequeiroz@hotmail.com
paduadequeiroz@gmail.com

04/01/2011

LAMPIÃO E MARIA BONITA - PÁDUA DE QUEIROZ

LAMPIÃO E MARIA BONITA E AS MULHERES DO CANGAÇO
Com aféto e gratidão para MARIA QUEIRÓZ
Pádua de Queiróz
Tenho São Miguel Arcanjo
Dentro do meu coração
Tenho força e alegria
Tenho a Santa Proteção
Tenho uma fé inesgotável
Minha mão magra e incansável
Sempre escreve Lampião.

Em mil novecentos e trinta
Em meados de Fevereiro
Lampião necessitando
Os serviços de sapateiro
Para concertar as cangas
E encomendar bugingangas
Apetrechos cangaceiros:

Apragatas, barbicachos,
Cinturões de cartucheiras,
Bruacas, chapéus e tiras,
Embornais e bandoleiras...
E mandou que Luis Pedro
Fosse de manhã bem cedo
Com mais dois da cabroeira.

Como estavam acampados
No raso da Catarina
Vendo os quimbembes velhos
Totalmente em ruinas
Aproveitaria o descanso
No cenário seco e manso
Naquela dura rotina.

E Luis Pedro Partiu
Naquele seco caminho
Ladeado por Cambaio
E por Vicente Marinho
Encomendar o serviço
E depois pagar por isso
Se fosse rápido e certinho.

O sapateiro escolhido
Diziam: tudo remenda!
Chamava-se, Zé de Neném
Seria dele a encomenda.
E Zé tinha em sua casa
Um lindo Anjo sem asa
Uma verdadeira prenda.

Seu nome, Maria Alina
Apelido, Maria de Déia
Que casada há oito anos
Sonhava com uma epopéia,
Coisa talvez ipossível
Pois seu marido insenssível
Desprezava essa idéia.

Só pensava em bater sola
Porque era seu ofício
E viver naquele Sertão
Já era um sacrifício
Sua mulher simplesmente
Já pensava diferente:
Aquilo era um desperdicio!

Homem era Lampião
Que combatia e dançava,
Em Carira e Sobradinho
E em Aquidabã mandava,
Bandido de coração nobre
Fiél protetor dos pobres
Que todo Sertão respeitava!
Luis Pedro, ouviu tudo
E contou pra Lampião
Que assim disse: meu compadre,
Com essa eu não bulo não
E toda mulher casada
Deve é ser respeitada
Não mudo de opinião!

E Luis disse: Vá lá,
Somente pro Senhor ver
Essa mulher que eu falo
Juro não vai esquecer,
Aquele rosto tão belo
Parece um Anjo singelo
Que no Sertão foi viver!

E continuou Luis Pedro:
O marido nem dá bola!
Ela até me confessou
Que a noite ele não consola,
Sua solidão de mulher
Porém se o Senhor quiser
Na estrada mete sua sola.

Lampião falou: seu cabra
Vamos deixar de conversa,
Não se fala mais no assunto
Eu não entro numa dessa
Tá na hora de dormir
Amanhã vamos sair
Mas pra ir buscar as peças.

No Raso da Catarina
O Sol nasceu diferente,
E depois de muito tempo
O Nordeste, sorridente.
Tudo então parecia
Que a Paz e a Harmonia
Triunfava novamente.

Com um uniforme impecável
Lenço em volta ao pescoço,
Perfumado e barbeado
Parecia até mais moço
Lampião apareceu
E com o jeito só seu
Ordenou sem alvoroço:

Compadre Luis vá chamar
Bem ligeiro, Beija-Flor!
Pensativo Luis disse:
Isso é mesmo o amor.
O nosso Rei a tardinha
Vai conhecer sua Rainha
E ele é merecedor!

E ao chegar na porteira
Da casa do sapateiro
Nem deu tempo desmontar
O chefe dos cangaceiros,
Quando apareceu cheirosa
A mais bela e mais formosa
Do Nordeste brasileiro.

Lampião adimirado
Nem queria acreditar,
Seria mesmo verdade
Ou estava a sonhar.
E sorrindo de contente
Viu ali na sua frente
O verdadeiro amor brotar.

Que, que Ma, Maria Bonita!
Ele falou gaguejando.
E lhe estendendo a mão
Num gesto comprimentando.
Era só felicidade
Que sem ter dificuldade
Rápido foi desmontando.

E pra sentar-se a sombra
Ela então o convidou,
E para ouvir a conversa
Até o tempo parou.
Maria falava tudo
E Lampião semi- mudo
Criou coragem e falou:

É verdade que você
Tem coragem de ír comigo?
Ela respondeu: vou sim,
E não temo o perigo.
E se o Senhor quiser
Eu serei sua mulher
E vou embora contigo!

Lampião disse: mulher
Casada que já tem dono...
Ela interrompeu dizendo:
Eu vivo no abandono.
Quero viver a seu lado
Como dois apaixonados,
Esse sim é o meu plano!

Dona Déia que estava
Espiando na janela,
Inspirou aliviada
Vendo sua filha tão bela
Ao lado de Lampião
Governador do Sertão
Totalmente escravo dela.

E convidou o casal
Pra ír comer na cozinha.
Enquanto Zé de Neném
O seu trabalho mantinha.
Com certeza receioso
Nem sentia o cheiro gostoso
Do queijo, café, farinha,...

Mesmo espiando tudinho
Que estava acontecendo
Zé de Neném só olhava
E a sola ía batendo.
Lampião despreoculpado
Por Maria apaixonado
Viu o Sol se escondendo.

Voltou para o acampamento
Mas antes disse a Maria:
Amanhã bem cedo eu volto
Antes do nascer do dia.
Você vai morar comigo
Vou enfrentar o perigo
Mas na sua companhia!

Nem bem o dia raiou
Lampião já estava lá,
Na porta do sapateiro
E antes de dizer, olá.
Maria veio correndo
E pra ele foi dizendo:
Eu não fico mais por cá!

Zé de Nenem que tomava
Seu mingal de Carimã,
Parecia um agricultor
Ouvindo o som da Acauã.
Enquanto lá fora a harmonia
Dos primeiros raios do dia
Embelezava a manhã.

Zé olhou para a janela
E falou com a vóz serena,
Até mesmo a escolta
De Lampião sentiu uma pena.
Maria, tu vai me deixar?
E Lampião, sem se importar
Partiu com sua pequena.

Porém deixou uma carta
Escrita com a própria mão,
Pra que todo mundo soubesse
Que ele não era ladrão,
Relatando que Maria
Foi pra sua companhia
Por sua própria opção.

Com uma grande festança
Lampião comemorou,
Xaxado, xote e polca
Naquela noite dançou,
Com sua Maria Bonita
Toda enfeitada de fita
Virgulino se Casou.

Já era nove da noite
A peitica e o bacural
Entretidos espiavam
De cima de um pé de pau.
Quando Lampião e Maria
De fininho escapulia
Para noite nupcial.

Com a entrada de Maria
Na rotina do cangaço
Quem possuisse mulher
Oficializasse os laços
Lampião deu o direito
A todos no mesmo leito
Ocupar o mesmo espaço.

Algumas eu tenho em mente
Eis aqui a relação:
Sila com Zé Sereno,
Maninha com Gavião,
Rosinha com Mariano,
Lídia com Zé Baiano,
E Leolina com Azulão.

Maroca com Mané Moreno,
Aldina com Paturí,
Catarina com Sabonete,
Dussanto com Alecrim,
E o tempo ía passando
E a tropa aumentando
Maria com Jurití.

Lilí com Moita Brava,
Veronquinha com Beija-Flor,
Entre tantas que aprenderam
A enfrentar o terror,
Mocinha mulher de Medalha
Não fugia da batalha
Defendendo o seu amor.

Foram mulheres que o amor
Moldou para aquele cenário
Neném foi de Luis Pedro,
Adília foi de Canário,
Dora foi de Arvoredo
E desconhecia o medo
Do cangaço ex-solitário.

Enfrentavam uma luta,
Não temiam uma abordagem...
Por isso a essa mulheres
Eu presto a minha homenagem.
Apesar da triste sorte
Muitas encontraram a morte
Mas morreram com coragem.

AUTOR: PÁDUA DE QUEIROZ
paduadebaturite@hotmail.com

02/01/2011

PÁDUA DE QUEIRÓZ

para VARNECI NASCIMENTO
que definiu com muita propriedade a literatura de cordel:
"....dificil de escrever, porém fácil de entender."


LAMPIÃO EM SERGIPE - 1929

No ano de vinte e nove
Virgulino, o Lampião
Provou porque era mesmo
"O Governador do Sertão"
Quando passou em Sergipe
Simplesmente, acredite
Sem disparar um rojão.

Com o seu grupo formado
De nove "cabras"valentes:
Volta Seca e Ezequiel,
Moderno e Arvoredo na frente,
Fortaleza e Gavião,
Zé Baiano,Gato e Mourão
Chegaram então de repente.

Lá na pequena Carira
E escreveu ao delegado
Felismino Dionisio
Mostrando ser educado
Pedindo autorização
Mas o delegado, em vão
Já havia se ausentado.

Seis soldados possuia
Todo destacamento
Da pequena Carira
Então naquele momento.
Mas somente dois ficaram
Os demais se debandaram
Fugindo daquele evento.

Quando Lampião ficou
Sabendo do acontecido
Elogiou a coragem
Dos soldados destemidos
E foi ele pessoalmente
Parabenizar,com presentes
Aos seus novos protegidos.

Porque um homem valente
Não se devia matar
Era preciso viver
No Sertão para honrar
A fama de "cabra macho"
Cabra de coragem e facho
Era pra cria botar.

E ali o povo sem medo
Foi conhecer Lampião
Que sob salva de palmas
De toda população
Seguiu meio desconfiado
O seu rumo intencionado
Sumindo na escuridão.

Pernoitou naquela noite
Na casa de um fazendeiro
Que acolheu sem protesto
O grupo de cangaceiros
Que de manhã bem cedinho
Rumou para sobradinho
Agradecendo ao "coiteiro".

Na entrada da Cidade
Sergipana, entrincheirou
Lampião todo o seu bando
E por um portador mandou
Um bilhete ao Intendente
Solicitando urgente
E assim ele relatou:

"Se quiser que eu entre em paz
Por favor venha até aqui.
Se não vier entro a bala
E acabo com tudo ai..."
A Cidade apavorada
Ficou com as mãos atadas
Tendo Lampião ali.

O Prefeito comunicou
Ao delegado a questão
Que respondeu:Tu tá doido,
Vá receber o Capitão!
O destacamento fugiu
No meio do mato sumiu
Com medo de Lampião!

Ele nem mesmo pensou
Duas vezes no assunto
Chamou o dito emissário
E com ele partiu junto
Para a entrada da Cidade
E disse sem autoridade:
O que queres,lhe pergunto?

Lampião, disse:Prefeito,
Me escute afinal.
Vocês diz que sou bandido
Mas não ando fazendo mal
A quem mal não me faz
Por isso fique em paz
E bote no meu embornal.

Vinte conto de réis
Somente pra me ajudar.
Que eu prometo Prefeito
Nenhum estrago causar,
A vida de Cangaceiro
Sem comer,bala e dinheiro
Não tem como se sustentar!

E o prefeito lhe alegou
Não possuir tal quantia,
O comércio enfraquecido
Com a seca que consumia.
E Lampião sem demora
Retroncou na mesma hora:
Também vivo essa agonia!

São quatorze anos de seca
Sendo nove de Cangaço,
Me dê ao menos seis contos
Não me cause embaraço.
Para tudo tem um jeito
Me ajude, seu Prefeito
E mal nenhum eu lhe faço!

E sairam em comissão:
O prefeito e o delegado,
O padre e o telegrafista
Em busca do solicitado.
Nos comércios e fazendas
Arrecadaram a renda
Conforme o estipulado.

A receber o dinheiro
Com muita satisfação,
Agradeceu comovido
Dizendo assim Lampião:
Eu sei que foi de bom grado
Por isso muito obrigado
Gente de bom coração!

E na madrugada partiu
Seguindo pra Aquidabã
Chegando nessa Cidade
Com o Sol da Alta manhã
Onde foi bem recebido
Nem parecia um "bandido"
Arrodiado de fã.

O prefeito e o juiz,
E o povo todo festeiro
Prestaram grande homenagem
Ao maior dos Cangaceiros,
Que rumou para Bahia
Levando como dizia:
"Coragem,bala e dinheiro!"

inn memória de PEDRO CHAVES PITOMBEIRA.

POETA PÁDUA DE QUEIRÓZ