14/12/2011

ANA MARIA DO NASCIMENTO




HONORATO E FRANCISQUINHA - LIÇÃO DE AMOR E VIDA

AUTOR: PÁDUA DE QUEIRÓZ
baseado no livro de Ana Maria do Nascimento: "MISCELANEA DE SAUDADE"


Eu peço ao Deus poderoso
Que fez meu belo sertão
Iluminar minha mente
Com a luz da inspiração
Para que eu possa rimar
E fielmente contar
Uma história de união.

Como fez Ana Maria
Nascimento, ao recordar
A história de seus pais
Com orgulho soube ilustrar
MISCELÂNEA DE SAUDADE
Para mim é na verdade
Um exemplo pra se levar.

Hoje eu uma sinto saudade
Agradavelmente sem dor
Mas quem sentiu a partida
De quem lhe deu sempre amor
Com o peito dilacerado
Já bastante castigado
Contra mim vai se opor.

Mas antes eu aconselho
Essa bela história ler
Pois a saudade é agradável
E vou mostrar pra você
Basta lembrar bons momentos
Quando a dor e o sofrimento
Jamais pôde nos vencer.

Ao lado de um grande homem
Há sempre uma grande mulher
Um casal sempre unidos
Não temem o mal que vier
O amor suplanta a morte
Muito embora que a má sorte
Tente levar o que puder.

No ano de trinta e seis
Honorato desposou
Sua bela Francisquinha
Que feliz o aceitou
Para viver a seu lado
E o casal apaixonado
Só o tempo separou.

E deste abençoado casal
Oito filhos vieram ao mundo
Regalos do Eterno Pai
Gerados do amor profundo
Mas dos filhos que nasceram
Só três permaneceram
Desfrutando a cada segundo.

A figura protetora
Com o seu olhar paterno
O carinho e a atenção
E os cuidados materno
De Francisquinha e Honorato
Que com zêlo e muito trato
Respeitavam o Pai Eterno.

Lá na sua ARACOIABA
Onde cantam os passarinhos
O doce lar deste casal
Era uma espécie de ninho
Feito de amor e paz
Honorato foi capaz
De cuidar com seu carinho.

Por cinquenta e oito anos
Francisquinha e Honorato
Provaram a Deus e a todos
Que mereceram de fato
Dividirem o mesmo teto
Com carinho e com aféto
Porque fizeram um pacto.

Com o amor e a verdade
Com Deus e o seu lugar
A vida deste casal
Alguém sempre há de lembrar
Seus gestos de caridade
De respeito e humildade
Conjugando o verbo amar.

Está escrito na Bíblia
Quem doa deve esquecer
E assim esse casal
Durante o seu viver
Doou mais do que a vida
A sua gente sofrida
Sem esperar receber.

Algo em troca por seus atos
A não ser a satisfação
De ver a alegria estampada
No rosto de cada irmão
E adotaram com alegria
Pra viverem com harmonia
Sete filhos de coração.

Que me perdoem os grandes
Mas ser pequeno é essencial
Que valor teria a vida
Deste ilustríssimo casal
Se desprezassem a pobreza
Pra bajularem a nobreza
Qual seria sua moral?

Qual lição daria aos filhos
Naquela terra sofrida
Onde o rico e o pobre
Em suas opostas vidas
Tinham o mesmo valor
Diante Nosso Senhor
E a Virgem Mãe querida?

Seu Honorato sabia
Reconhecer a fraqueza
Daqueles que eram reféns
De sua própria natureza
Estendendo sempre a mão
Praticando o perdão
Sem astúcia ou sutileza.

Certo dia um empregado
Foi pego em contravenção
Roubando de suas reservas
Uma lata de feijão
E perdoou o empregado
Nos deixando como legado
Essa magnifica lição.

Porque viu no empregado
Necessidade e carência
E essa bela atitude
De exímia sapiência
Salvou o pobre ladrão
Da rotina dessa ação
Que corrompe a existência.

No ano de cinquenta e oito
Não choveu no meu sertão
E somente na mesa de poucos
Tinha um pedaço de pão
E com essa pobre gente
Seu Honorato sorridente
Dividia a refeição.

E muitos que apareciam
Vindos de todo lugar
Fugindo daquela sêca
Que só sabia matar
Na casa de seu Honorato
Sempre sobrava um prato
Para um pobre alimentar.

Seu destacado trabalho
Em sua luta diária
Sempre com muito afinco
Na lavoura e pecuária
Com a força que Deus lhe deu
Foi doutor que aprendeu
Um cultura extraordinária.

Não existe faculdade
No mundo civilizado
Que faça um caboclo da roça
Ser tão bem ajuizado
Foi o campo e a enxada
Em sua terra abençoada
Que lhe deu seu doutorado.

Francisquinha tinha estudo
E por isso compreendia
Que educar os seus filhos
Era a parte que lhe cabia
Enquanto o trabalho pesado
Da lavoura e do gado
Com disposição e alegria.

Seu Honorato fazia
Trazendo o pão para mesa
Seus filhos iam crescendo
Conhecendo a natureza
De seus pais que tanto amavam
E com todos se importavam
Para não verem a tristeza.

Entrar naquela morada
Feita com muito amor
Respeito e sinceridade
De um pai bom e protetor
E uma mãe carinhosa
Dedicada e bondosa
Fiéis a Nosso Senhor.

Esta é minha homenagem
Póstuma a este casal
Que dedicou para todos
Um grande amor fraternal
E hoje descansa em paz
No reino celestial.

PÁDUA DE QUEIRÓZ
BATURITÉ 14/12/2010

17/11/2011

BANDEIRA DE ALENCAR - A BANDEIRA DO BREGA


ESTE É MEU PRIMO E PARCEIRO DE TANTAS COMPOSIÇÕES,QUE DEUS ABENÇOE ESTE POETA NASCIDO NA CIDADE DE CEDRO/E QUE HÁ TANTOS ANOS VEM FAZENDO SUCESSO EM FORTALEZA COM O SEU TRABALHO JÁ RECONHECIDO.SEMPRE QUANDO EU ME ENCONTRO COM O MEU PRIMO JOAQUIM BANDEIRA DE ALENCAR EU DESFRUTO DE MOMENTOS AGRADÁVEIS,  OUVINDO SUA VOZ  SUAVE E SEMPRE ALEGRE, EMBORA SOFRIDO COMO TODO VERDADEIRO ARTISTA. VALEU, BANDEIRÃO!!!                    TELEFONE PARA SHOWS 085.88501069.

FESTA BOLA CINCO - TV CEARÁ - PARTICIPAÇÃO DO POETA PÁDUA DE QUEIROZ

14/11/2011

EDUARTES
ARTESANATO DE BATURITÉ
ARMAZÉM DA ESTRADA DE FERRO
BAIRRO DO PUTIÚ


Se você mora na Selva
a beira mar ou no sertão
ou mora na capital
não perca tempo irmão
vá conhecer minha terra
tem cachoeira na serra
tem lazer e distração.


mas antes vá lá no bairro
Putiú, onde eu nasci
tem o melhor artesanato
desses por ai não vi
o velho seu Eduartes
vai fazendo a sua parte
e sorrir como eu sorri.


Feliz por nascer na terra
cercada de bananeira
que é a matéria prima
que ele cria a sua maneira
pássaro, trem e igreja
vá lá amigo e veja
sua arte verdadeira.


Saia da monotonia
que a cidade grande tem
venha a conhecer terra
que eu amo e quero bem
conheça o artesanato
desse homem que de fato
é um poeta também.














conheça o artesanato
desse homem que de fato
é um poeta também.





24/10/2011

MUSEU DO GONZAGÃO - PARQUE ASA BRANCA

Parque Asa Branca - Exú/PE

Mausoléu do Rei do baião


Esferogravura de Pádua de Queiróz
Fca.de Queiróz(mãe do poeta)

Cordéis do gonzagão

Acervo de LPs.de vinil

Mãe do poeta, Francisca Bandeira de Queiróz

Visitei,juntamente com minha mãe,FRANCISCA BANDEIRA DE QUEIROZ, o Parque Asa Branca.
onde recitei por várias vezes o poema A LEMBRANÇA DE UM APELO, homenagem póstuma ao maior de todos os nordestinos,doei ao Museu a esferogravura LUIZ GONZAGA, me sinto honrado em fazer agora,parte dessa homenagem prestada ao nosso saudoso LUIZ.

SAUDADE NÃO É DIREITO
SAIA DE PERTO DE MIM
VOCÊ MALTRATA MEU PEITO
QUERENDO VER O MEU FIM


Pádua de Queiróz( o poeta de Baturité,filho da D.Quinca)

08/08/2011

PADRE CÍCERO - O SANTO DO JUAZEIRO


Os bandidos mais temidos choravam a seus pés,
homens de bons costumes,
os famintos,
os perseguidos,
viam a possibilidade de sobrevivência ao lado daquele santo homem,
muitas vezes taxado de embusteiro, fanatizador e coiteiro  de criminosos.

Antes que alguém faça mal juízo sobre a figura do Padre Cícero, é preciso primeiro conhecer a história do menino que queria ser padre, e acabou virando o santo mais reverenciado do nordeste brasileiro,embora a sua imagem ainda não esteja nos altares das igrejas, ela ocupa um espaço especial no coração de seu povo: O SERTANEJO.

O padre Francisco Antero, doutorado em Teologia em Roma, em Outubro de 1883, em seu relatorio sobre o caso do Milagre em Juazeiro escreveu:
"...parece que todos os padres estrangeiros do Seminário desta capital, estão convencidos de que Jesus Cristo não deixa a França para obrar milagres no Brasil: é o maior argumento destes padres contra os fatos do Juazeiro.


PADRE CÍCERO - O SANTO DO JUAZEIRO

Eu peço aos mátires da fé
que agora estão no Céu
ao lado de Jesus Cristo
e sua Mãe tão fiél
que ilumine minha mente
pra decantar em cordel.

A trajetória seguida
por meu Padim milagreiro
que nasceu lá no Crato
pra fazer de Juazeiro
a Méca do Carirí
Terra Santa do Romeiro.

Méca é a cidade sagrada
do povo do ALCORÃO
onde Maomé recebeu
de Alá uma missão
transformar aquele povo
em uma única Nação.

O que houve em Juazeiro
do Norte no Ceará
tem a mesma semelhança
com a Méca de Alá
Maomé viu um Anjo alí
meu Padim viu Deus por cá.

Quem conhece Juazeiro
sabe que falo a verdade
até hoje a presença
de meu Padim na cidade
é notória pois impera
paz, amor e liberdade.

Ele o segundo filho
de três que Dona Quinô
junto com Joaquim Romão
geraram com muito amor
respeitando e seguindo
as Leis de Deus Criador.

Desde cêdo o jovem Cícero
a sua fé demonstrava
se alguém o procurasse
na igreja o encontrava
e ser padre era tudo
que Cícero Romão sonhava.

O senhor Joaquim Romão
ensinou o filho a ler
sabia que era importante
a cartilha do ABC
pois sem cultura no mundo
era dificil viver.

Numa escola cratense
Cícero foi matriculado
aos seis anos de idade
ele era orientado
pelo professor Rufino
que tinha muito cuidado.

Nas lições que aplicava
ao menino Cícero Romão
aritmética, latim,
gramática e religião,
a história do Brasil
e os costumes do sertão.

E dedicado aos estudos
Cícero seguia contente
e o sonho de ser padre
não saía de sua mente
e ao fazer doze anos
jurou decididamente.
 
Manter sua castidade
e viver imaculado
quando fez dezesseis anos
deixou então seu Estado
pra estudar em Cajazeiras
ele foi matriculado.

Ao chegar na Paraíba
Cícero se sentia assim
a vontade e feliz
ao lado do Padre Rolim
o fundador do colégio
que tinha o principal fim.

Orientar o menino
para a sua vocação
de ser padre e levar
para o povo do sertão
a palavra do senhor
através de seu sermão.

O jovem ficou dois anos
na cidade paraibana
aprendendo os preceitos
de Deus e da vida humana
até que uma notícia triste
chegou das terra serrana.

O seu pai Joaquim Romão
tão amado e querido
lá na cidade do Crato
havia então falecido
deixando o jovem Cícero
triste porém decidido.

Em largar os estudos
que ele tinha tanto gosto
era o único filho homem
por isso estava disposto
em cuidar de sua familia
embora a contragosto.

quase três anos afastado
do mundo da educação
Senhor Joaquim apareceu
para Cícero numa visão
após ele ter tomado
outra triste decisão.

De vender então seus livros
pra quem quisesse comprar
já que vivia ocupado
sem tempo para estudar
e o dinheiro era bem-vindo
pra familia alimentar.

Cícero, não abandone
teus livros e teus estudos
porque Deus dará um jeito
e vai tomar conta de tudo
escute bem meu conselho
meu filhinho,eu não te iludo!

Aquele jovem que tinha
algo de extraordinário
prosseguiu o seu estudo
trabalhou feito um operário
até que conseguiu ingressar
um dia no Seminário.

Da capital cearense
com apoio de seu padrinho
de Crisma Antonio Luiz
que tinha um grande carinho
Por Cícero que iria trilhar
um árduo e longo caminho.

E durante cinco anos
de estudos e dedicação
no Seminário da Prainha
fechou o ciclo de formação
e foi ordenado padre
o filho de Joaquim Romão.

Que não teve vida fácil
pra alcançar seu objetivo
dois anos antes o conselho
alegou vários motivos
para não mais ordenar
o seminarista impulsivo.

E por ter idéias próprias
o seminarista esquecia
que tudo só fincionava
respeitando a hierarquia
mas Cícero era sincero
a Jesus Cristo e a Maria.

Dom Luis que era o Bispo
respeitou suas fraquezas
dizendo: Cícero é um Anjo
e disso eu tenho certeza.
E foi ordenado por ele
na catedral de Fortaleza.

E retornando ao Crato
após um mês de viagem
no lombo de um cavalo
levando em sua bagagem
seu sonho realizado
com amor, fé e coragem.

Na primeira hora do dia
em primeiro de Janeiro
no ano de mil e oitocentos
e setenta e um, no terreiro
de casa desmontou Cícero
"O santo do Juazeiro".

Na janela de sua casa
com uma laparina na mão
Apareceu Dona Quinô
para lhe dar a benção
e Mariquinha e Angélica
abraçaram seu irmão.

Nossa Senhora da Penha
no altar lá da Matriz,
Dona Quinô e as filhas
Seu padrinho Antonio Luiz,
o Padre Manuel Aires
e o povo todo feliz.

Assistiram a primeira
missa que foi celebrada
por Padre Cícero Romão
em sua terra abençoada
e Jesus Cristo cumpriu
a sua palavra empenhada.

porque ele tinha um plano
na vida de meu Padim
filho de Dona Quinô
e do falecido Joaquim
afilhado de Antonio Luiz
aluno do Padre Rolim.

Ainda em setenta e um
ele foi solicitado
lá no Sítio em Juazeiro
um lugarejo afastado
que não tinha Capelão
fixo para aquele lado.

O povo queria muito
uma missa no Natal
para abençoar a todos
que vivia no local
e Padre Cícero aceitou
e partiu para o Arraial.

Que sabia que o povo
precisava de um Pastor
a missa foium sucesso
e reconhecido o valor
do padre que virou amigo
do povo e fiel confessor.

Pobre povo que tentava
sempre sobreviver
procurava uma sombra
e água para beber
vivia alí oprimido
trabalhando pra comer.

No período em que a chuva
caía farta do Céu
enchendo de cereais
o paiol do coronel
que mandava sem ter nunca
entrado em um quartel.

O Governo naquela época
dava o título de Barão
aos donos dos cafezais
e plantadores de algodão
e os donos de muitas posses
era coronel no sertão.

Que tinha em seu comando
a sua própria milícia
que oprimia o povo
com o aval da polícia
eram os jagunços do homem
que agia com malícia.

Quando queria aumentar
o seu pasto ou plantação
oferecia um prêço
irrisório e sem sermão
expulsava o sertanejo
que pensasse em dizer não.

Só restava a esse povo
pedir a Deus lá no Céu
livra-lo da fome e sêde
e do malvado coronel
responsável por deixar
seu ex-vizinho a léu.

Enquanto no Juazeiro
o Padre recem formado
sob a proteção de Deus
solícito e dedicado
trabalhando para o povo
fazendo bons resultados.

No cultivo e criação
conforme os procedimentos
o padre orientava o povo
com um grande conhecimento
conciliando o trabalho
com os Santos Sacramentos.

Mas um dia o jovem padre
sentindo-se muito enfadado
após uma jornada dura
e o corpo quase alquebrado
voltou pra casa abatido
muito triste e cansado.

Tomou água e numa rêde
se deitou pra descansar
quando teve uma visão
mas soube bem precisar
era o Senhor Jesus Cristo
com os Apóstolos a falar.

Todos em volta do Mestre
ouvindo-o atentamente
lembrava a Santa Ceia
a visão em sua frente
Jesus reclamava muito
dos pecados de sua gente.

Que viviam desregradas
mas faria um grande esforço
para salvar o mundo
que estava no fundo do poço
e ordenou de forma enérgica
para aquele padre tão moço:

Tome conta desse povo
essa é a minha vontade!
Padre Cícero vendo o povo
que passava necessidade
resolveu ficar de vez
naquela localidade.

Para ele aquela visão
era de Deus um presente
e um filho que ama o pai
tem que ser obediênte
mesmo enfrentando o perigo
que viria pela frente.

Em pouco tempo Juazeiro
logo se transformou
em uma Vila tão próspera
Que jamais alguém sonhou
e o rebanho do padre
de repente aumentou.

E um dia para o povo
diante da Santa Cruz
a conteceu o Milagre
do Sangue do Senhor Jesus
na hora da Eucaristia
momento de fé e luz.

Quando a hóstia Consagrada
em sangue se transformou
na boca da Beata Maria
de Araújo, se espalhou
pelo o mundo a notícia
que Jesus Cristo chegou.

Na Vila de Juazeiro
e era um sinal de perdão
gente de todo lugar
que morava no sertão
correram pra juazeiro
em busca da salvação.

Os líderes da Santa Igreja
descrentes com o acontecido
suspenderam o Sacerdote
julgando ter ocorrido
uma mentira, um embuste
com o padre envolvido.

Ma o povo conhecia
o Padre Cícero e portanto
não abandonou seu líder
chegando de todo canto
para apoiar seu Pastor,
padrinho, amigo e Santo.

Que jamais abandonou
o povo do seu sertão
e mesmo estando impedido
de pregar o Santo Sermão
não negou jamais a Deus
não abandonou sua missão.

Em mil novecentos e onze
Juazeiro virou cidade
e meu Padim virou prefeito
porque tinha qualidade
pra liderar o seu povo
rumo  a prósperidade.

Naquela época ninguém
falava em ecologia
Padre Cícero visionário
para o povo então dizia
não devaste a natureza
plante uma árvore, pedia.

Juazeiro se transformou
em um Oásis no sertão
cana de açúcar, mandióca,
arroz, milho e feijão
dava de tudo na terra
do Padre Cícero Romão.

Que nunca mais passou fome
ou outra necessidade
e o Padre Cícero jamais
deixou aquela cidade
hoje ele está lá no Horto
vendo a felicidade.

Daquele povo que um dia
Jesus Cristo lhe entregou
e é essa a história
do menino que sonhou
em ser padre e no entanto
em santo se transformou.

Só espero que em Roma
o Santo Papa reveja
o caso do Padre Cícero
e faça o que o povo deseja
ver a imagem do "PADIM"
no altar de uma igreja.

Quando eu fui pra Amazônia
ser soldado fuzileiro
eu jamais abandonei
a minha fé de romeiro
e viva meu ''PADIM CIRÇO''
o Santo do Juazeiro.

BATURITÉ/CE 22/07/2011


Para MARIA PEREIRA COSTA(DONA NITA)

08/07/2011

LUIZ GONZAGA - A LEMBRANÇA DE UM APÊLO

A alguns anos atrás, conversando com a minha querida tia OLIVIA BANDEIRA DE QUEIRÓZ
tratavamos de um assunto que tinha como temática, a nossa música nordestina e é evidente que falavamos de LUIZ GONZAGA e suas canções, a importancia que sua vóz tinha para o povo sofrido do Nordeste brasileiro". E hoje remechendo a minha caixa de rascunho, encontrei um texto que escreví logo após a nossa deliciosa conversa, conversa essa que hoje eu recordo e sinto saudade de minha querida e amada "TIA OLÍVIA".

LUIZ GONZAGA - A LEMBRANÇA DE UM APÊLO

Quando olhei a terra ardendo,naquele cruel verão
confesso chorei de saudade de Luiz,Rei do baião
porta-voz da gente humilde que mora no meu sertão
que sem ter o que comer é obrigado a viver
mendigando água e pão.

Essa gente tem a coragem e a força de um trator
e lá pras bandas do Sul já mostrou o seu valor
fez prédios, fez viadutos e escola pra formar doutor
fez São Paulo e fez o Rio e construiu para o Brasil
a sua sede com muito amor.

Chamam logo de doutor o homem que se veste bem
e se esquecem que é pela ação que se mostra o valor que tem
e hoje eu espero a promessa mas o politico não vem
só ele ganha com a perca e a tal industria da sêca
e que se dane o "ZÉ NINGUÉM".

E neste sertão de Zé, Chico, João e Maria
existiu um sanfoneiro que sempre nos defendia
e agora vivemos a sorte do nosso dia e adia
a ASA BRANCA voou, quando a sanfona parou
sem música,sopro e alegria.

Aqui termino este versos por não poder mais guardar
essa saudade que agora só quer me fazer chorar
mas eu sei que um bom remédio
pra saudade é cantar.


PÁDUA DE QUEIRÓZ
com aféto e gratidão para OLÍVIA QUEIRÓZ, MARIA QUEIRÓZ E SHIRLEY QUEIRÓZ.

PUTIU - O MILAGRE










PUTIU - O MILAGRE

Baturité minha terra
abençoada por Deus
minha cidade querida
onde meu verso nasceu
com o fundo musical
do belo manancial
que sacia o povo meu.

Agora caro leitor
eu peço a sua atenção
para narrar essa historia
do passado em meu torrão
quando aliado da fé
o povo de Baturité
encontrou a salvação.

De um grupo de facínoras
que saiu de Juazeiro
com destino a Fortaleza
com intuito desordeiro
saquearam várias cidades
com a maior pervesidade
em nome do "SANTO ROMEIRO".

Comandados por DOUTOR FLORO
o temivel satanaz
da cidade de Juazeiro
em razão da "SANTA PAZ"
espalhando o pesadelo
pra depor FRANCO RABELO
do seu governo incapaz.

De zelar os interesses
da Região do Carirí:
Campos Sales, Araripe,
Assaré e Maurití,
Crato,Barbalha,Juazeiro,
terra santa dos romeiros
devotos do meu Padim.

Chegando em Iguatu
pela grande ferrovia
A bala comeu de esmola
humilhação e covardia
E não poupavam ninguém
A desgraça foi além
do que o povo merecia.

E paraconter a horda
não tinha policiamento
ao ouvirem o tiroteio
correram de mato a dentro
o Sargento e o soldado,
o prefeito e o delegado
no lombo de um jumento.

E tudo o que se podia
levar em seu embornal
nos alforges pendurados
no dorso de um animal
os cangaceiros levavam
mas também incendiavam
o que restava no final.

E foi uma varredura
que na época aconteceu
estupro,saques e mortes
lá em SENADOR POPEU,
QUIXERAMOBIM,QUIXADÁ
no sertão do Ceará
sangue inocente escorreu.

Enquanto em BATURITÉ
todo o povo trabalhava
no Bairro do PUTIU
unidos edificava
um templo para CRISTO REI
e pelo o que hoje eu sei
meu avô participava.

Na construção da igreja
que ainda hoje está de pé
e é um belo cartão
postal de Baturité
vovô PORFÍRIO BANDEIRA
trabalhou dessa maneira
demonstrando a sua fé.

Naquele que salvaria
a sua bela cidade
da gana dos cangaceiros
e suas atrocidades
cada tijolo empilhado
Vovô seguia animado
e cada vez mais com vontade.

De ver a sua igrejinha
pronta para receber
a imagem de CRISTO REI
que iria permanecer
com a VIRGEM DA CONCEIÇÃO
para toda a região
rezar e agradecer.

Pela colheita abundante
do café e do algodão
o armazém estava lotado
além do milho e feijão
as duas imagens estavam
lá dentro e aguardavam
o altar para a oração.

Esculpidas na EUROPA
em tamanho natural
as imagens da igrejinha
semelhante ao real
que chegaram de cargueiro
lá do RIO DE JANEIRO
noticiou o jornal.

Cangaceiro não é santo
mas respeita o Divino
ao chegarem em BATURITÉ
correu velho e menino
mas Vovô pegou nas armas
e disse: ninguém desarma
um serrano nordestino.

Fez a contagem do bando
lá mesmo de seu terreiro
CENTO E VINTE e CINCO era
o número de cangaceiros
com DOUTOR FLORO na frente
comandando aquela gente
repleta de desordeiros.

Pode queimar o armazém!
DOUTOR FLORO, ordenou
.a pesada porta cedeu
e todo bando entrou
e ao ver os dois caixotes
o chefe deu um pinote
e de alegria gritou:

Aquí só pode ter ouro
abram com muito cuidado
vamos levar de presente
pra nosso PADIM AMADO
mas para sua surpresa
ao verem tamnha beleza
ficaram paralizados.

Ao verem as duas imagens
de MARIA e de JESUS
e colocaram no chão
o PAPO-AMARELO e ARCABUZ
e sem desviarem o olhar
começaram a recuar
fazendo o sinal da cruz.

Um disse: Deus me perdoe
Mãe Divina eu vou embora
Doutor eu não boto fogo
é melhor nós cair fora
vamos em frente negada
essa terra é a morada
de JESUS E NOSSA SENHORA.

Enquanto o VOVÕ PORFIRIO
observava a distância
fascinado com a fé
aliada a ingnorancia
daquela gente tão rude
que tinha como atitude
a cruel intolerância.

E na sua missão de fé
prosseguiram no ideal
passando por ARACOIABA
porém sem fazerem mal
ÁGUA VERDE e GUAIÚBA
e depois por PACATUBA
chegaram na Capital.

Eu sou Pádua de Queiroz
escrever é meu papel
Jesus é meu Salvador
meu amigo mais fiel
caminho,verdade e vida
e a minha arte querida
é o meu velho cordel.

poeta PÁDUA DE QUEIRÓZ
Fortaleza 27/05/2011
Saber que Baturité hoje é um caminho para a Cidade de Guaramiranga, que promove festivais do vinho,jazz e cinema, eu sinto uma dor no fundo do peito ao ver tanta gente pisando sem se importar com a história do Ceará e do Brasil.
A Revolução Pernambucana, A Confederação do Equador,A Sedição de Juazeiro, A Segunda Guerra Mundial,...Com a presença marcante nesta cidade de Dona Bárbara de Alencar,Tristão Gonçalves,Dr.Floro Bartolomeu,Marechal Mascarenhas de Morais,Capitão Miguel Edge,Comendador Ananias Arruda,escreveram o seu capítulo na história dessa cidade,que é história e tem muita história pra contar.



PARA: FRANCISCA BANDEIRA DE QUEIROZ(minha mãe)
IOLANDA BANDEIRA DE QUEIROZ(tia Iolanda)
OLIVIA BANDEIRA DE QUEIROZ(tia Olivia)
MARIA BANDEIRA DE QUEIROZ(tia Maria)
INÁCIO BANDEIRA DE QUEIROZ(tio Inácio)in memória: PORFIRIO BANDEIRA DE QUEIROZ(vovô)
FRANCISCA FERREIRA DE QUEIROZ(vovò)
ANTONIO BANDEIRA DE QUEIROZ(tio Antonio)
JOSÉ BANDEIRA DE QUEIROZ(tio ZÉ PORFIRIO)
RAIMUNDO BANDEIRA DE QUEIROZ(tio Raimundo)
FRANCISCA BANDEIRA DE ALENCAR(tia menininha)

ESSA FAMILIA NASCEU E VIVEU NESTA CASA, AS MARGENS DA ESTRADA DE FERRO DE BATURITÉ,E O RIO PUTIÚ.
HOJE EU DEVO A MINHA VIDA A TODOS ELES, EMBORA ALGUNS JÁ ESTEJAM EM OUTRO PLANO ESPIRITUAL, MAS TODA VEZ QUE OLHO AQUELA CASA ENTRE O RIO E A ESTRADA DE FERRO EU VOLTO A UM PASSADO QUE O TEMPO NÃO CONSEGUE APAGAR.
PÁDUA DE
26/05/2011, republicada em 08/07/2011

01/03/2011

RAIMUNDO FAGNER E PÁDUA DE QUEIRÓZ



RAIMUNDO FAGNER E PÁDUA DE QUEIRÓZ

AUTOR PÁDUA DE QUEIRÓZ

Meu senhor dono da casa
de salão iluminando
escute agora o poeta
que hoje muito inspirado
com a arte dos cordelistas
homenageia um artista
que nasceu nesse estado.

RAIMUNDO FAGNER, poeta
artista plástico e cantor
canhotinha bom de bola
é um eterno tricolor
hoje o velho menino
se orgulha de ser nordestino
e caboclo sonhador.

Que já cantou o Orós
e o Quixeramobim
as praias do Ceará
e o mar que não tem fim
o amor da minha amada
que sempre de madrugada
vive juntinho de mim.

O seu nome pelo mundo
muita gente já conhece
e eu demonstro o respeito
que eu sei que ele merece
menino bola de meia
que canta e não se aperreia
canções que ninguém esquece.

Eu recordo aquela noite
lá no CENTRO CULTURAL
eu que cheguei de manhã
pra assistir afinal
sob o relento ao vivo
um show dele exclusivo
que anunciava o jornal.

O povo no anfiteatro
ía se aglomerando
eu olhava o relógio
que lentamente passando
sob a sombra de um coqueiro
eu olhava prazeteiro
o Sol se distanciando.

A brisa do mar soprava
refrescando o ambiente
até fiquei assustado
espiando tanta gente
assim de toda idade
com muita tranquilidade
alí pacientemente.

Só eu estava irriquieto
pois não esperava a hora
de ouvir seu violão
que quando toca até chora
qual poema de amor
de um poeta em sua dor
pensando em sua senhora.

E eu alí continuava
na penumbra do coqueiro
a data eu jamais esqueço
vinte e oito de janeiro
daquele ano dois mil
que a multidão aplaudiu
o maior dos cancioneiros.

O show ía começar
porque sua vóz ecoou
e ao ouvir me arrepiei
quando trêmulo ele cantou
a canção "Sinal fechado"
e o povo maravilhado
feliz lhe acompanhou.

Lá debaixo do coqueiro
nem com a ponta do pé
não dava mais para vê-lo
porém não perdi a fé
eu sou caboclo serrano
eu sei que nunca me engano
eu sou de BATURITÉ.

Eu parecia um ladrão
quando quer roubar um côco
quinze metros de coqueiro
para mim foi muito pouco
então subí de repente
e me sentei tranquilamente
me livrando do sufoco.

Uma visão panorâmica
daquele belo terraço
então eu pude desfrutar
confortável em meu espaço
e eu que tanto esperei
nem sequer me encomodei
com a fome e o cansaço.

Naquela noite podia
morrer astros e voar mundo
medo de morrer não tinha
num deslize, num segundo
depois de uma canção
cantada de coração
pelo velho e bom Raimundo.

Que cantava com euforia
fazendo juras secretas
correndo entre os canteiros
cantando pra este poeta
que na lembrança de um beijo
realizou seu desejo
sentindo a vida completa.

Cantarolei cada verso
sem desafinar o tom
lá na Praia de Iracema
Ví a Lua do Leblon
mas o homem também chora
quando o cantor vai embora
acabando o que era bom.

E como as pedras que cantam
partiu num pau-de-arara
deixando a felicidade
estampada em minha cara
pois ainda hoje eu sinto
é verdade eu não minto
a alegria que não pára.

Sem um trocado no bolso
voltei pra casa feliz
por ver e ouvir o maior
cantor desse meu País
mas quase que não descí
do coqueiro que subí
que loucura que eu fiz.

E eu faria novamente
se outra ocasião
eu tivesse para ouvir
a sua bela canção
quem sabe um dia talvez
chegará aminha vez
de apertar a sua mão.

Quando eu conto essa história
que um dia me aconteceu
eu as vezes sou comparado
por alguns amigos meus
com o personagem bíblico baixinho
que se chamava ZAQUEU.

PÁDUA DE QUEIRÓZ

05/01/2011

OS IRMÃOS DO CANGAÇO: A MORTE DE ANTONIO E LIVINO




OS IRMÃOS DO CANGAÇO: A MORTE DE ANTONIO E LIVINO.

A poesia contada é a mesma cantada. Não há como não falar de LAMPIÃO, se não tiver uma dose de terror, medo, dor e sangue...Não há como falar de Lampião se não tiver um qualquer de festa, coragem, alegria e suor. suor que por muitas vezes lavava o chão manchado pelo sangue de inocentes derramado pela passagem da polícia conhecida por volante, especializada em espalhar pânico entre os sertanejos, disceminando a propaganda enganosa de que sua caça simbolizava a opressão.
O quinto trabalho de Pádua de Queiróz, publicado pela gráfica JABRIVAS, com a tiragem de 15.000 exemplares esgotou em menos de um mês. OS IRMÃOS DO CANGAÇO: A MORTE DE ANTONIO E LIVINO. É um presente ofertado por este poeta, aqueles que buscam respostas de infinitas perguntas sobre o cangaço. E escrito dessa forma poética, podemos dirimir algumas dúvidas
de quem realmente o povo tinha medo naquela época em que valia a Lei ditada.
MARIA MARLI - POETISA CEARENSE.



OS IRMÃOS DO CANGAÇOS:A MORTE DE ANTONIO E LIVINO
POETA PÁDUA DE QUEIRÓZ

Eu peço ao divino Deus
neste momento em questão
que ilumine minha mente
com a luz da inspiração
para através de meu verso
escrever o meu protesto
e também minha opinião.

Neste Brasil de Antonio
Conselheiro e Lampião,
Patativa do Assaré
e Luis Rei do baião
muita gente logo esquece
o nome de quem merece
ser lembrado até então.

Sou poeta cearense
sou artista popular
minha poesia é a arma
que eu uso pra lutar
através de meu repente
eu defendo a minha gente
que não deixa de sonhar.

Mas é obrigado a votar
e escolher seu semelhante
que eleito logo esquece
de ajudar seu semelhante
no mundo civilizado
excluido e abandonado
não tem paz um só instante.

É tratado como um bicho
já extinto no País
não tem direito a saúde
vive doente e infeliz
não tem direito ao direito
nascer pobre é um defeito
hoje o rico é quem diz.

E foi por esse descaso
ou melhor esse abandono
que no Nordeste surgiu
Em cada lugarejo um dono
tomando propriedades
cometendo atrocidades
expulsando a cada ano.

Toda pessoa de bem
que vivia no Sertão
trabalhando em suas terras
na lavoura e criação
até o "coronel" deixar
ele era a lei do lugar
e exigia a submissão.

quem perdia o que era seu
ou sofria humilhação
se embrenhava na Caatinga
em busca de proteção
ninguém queria vingança
mas aquela gente tão mansa
não tinha outra opção.

A não ser roubar do rico
o que o rico lhe roubou
fazendo valer a lei
que o próprio coronel ditou
e nesse tempo e espaço
nascia assim o cangaço
que ao Nordeste assombrou.

Eu conheço tanta história
de cangaceiro valente
que agiam sempre em grupo
no Nordeste antigamente
Mas só um foi o maior
não foi bom, nem foi pior
não houve outro igualmente.

Virgulino era seu nome
sua alcunha, LAMPIÃO
que ainda jovem fugiu
junto com seus dois irmãos
Antonio e Livino Ferreira
Que na vida cangaceira
Procuraram proteção.

Assumiu logo o comando
de um grupo de cangaceiros
quando atirava a noite
clareava o terreiro
com inteligencia e malícia
foi o terror da polícia
que caçava esse guerreiro.

No dia quatro de Junho
essa data é verdadeira
Que Virgulino assumiu
o bando de Sinhô Pereira
Mil novecentos e vinte e dois
que o destino lhe impôs
a árdua vida cangaceira.

O cangaço era visto
aos olhos dos governantes
como uma simples desordem
de uns coitados ignorantes
e toda aquela rebeldia
logo, logo acabaria
nada tinha de importante.

Mas Lampião era esperto
E tão bem auxiliado
era mesmo imbativel
com os seus irmão ao lado
Antonio na retaguarda
e Livino na vanguarda
não temia ser emboscado.

Por ser rápido e eficiente
como uma metralhadora
foi entregue a vanguarda
do bando para "Vassoura"
e por esse apelido
Livino ficou conhecido
entre a horda acolhedora.

Antonio também era dono
de uma grande liderança
e cobria a retaguarda
do bando numa matança
por acreditar que um dia
a paz enfim reinaria
foi chamado de "Esperança".

Inumeráveis batalhas
foram por eles travadas
porém três anos depois
sua fé foi abalada
em uma luta em Flores
Lampião sentiu as dores
do fim de sua vanguarda.

Num combate de três horas
balas raspando no "cuco"
a polícia entrou em fuga
e Vassoura, então maluco
subiu num grande lajedo
pra ver borrar-se de medo
os fujões de Pernambuco.

Um soldado que ficara
chamado de "Zé Inaço"
fez pontaria e acertou
Vassoura no espinhaço
Com esse tiro mortal
Livino elí se deu mal
caindo em seu próprio laço.

E antes do último suspiro
a Deus pediu seu perdão
e para a Nossa Senhora
lhe pediu a intercessão
e por fim pediu Livino
Para Antonio e Virgulino
Justiça pro seu Sertão.

E pra ser corpo não ser
profanado pelo o inimigo
Lampião cortou a cabeça
de seu irmão, seu amigo
e mesmo pra alguém tão rude
aquela macabra atitude
o deixou tão constrangido.

E no dia vinte e cinco
do Natal de vinte e seis
Esperança, finalmente
encontrava a sua vez
a sua paz tão sonhada
numa tarde mal-fadada
num ato de insensatez.

Na fazenda Poço do Ferro
um dos coitos de Lampião
o seu bando descançava
das últimas lutas então
quando houve o ocorrido
Antonio Ferreira ferido
despediu-se de seu irmão.

Virgulino que estava
bem distante no momento
quando ouviu o estampido
parecia até com um vento
e ao chegar encontrou
Antonio que lhe contou
o triste acontecimento.

Pois brincava com Luis Pedro
seu amigo de confiança
disputando uma rede
porque queria Esperança
nela poder se deitar
e começou a brincar
como se fosse criança.

Luis que estava deitado
com um rifle em sua mão
foi puxado por Antonio
que derrubou-lhe no chão
a arma então disparou
e mortalmente acertou
porém sem ter intenção.

E disse mais: meu irmão
se você gosta de mim
eu quero que de hoje
você goste tanto assim
do nosso compadre Luis
pra ninguém ser infeliz
porque chegou o meu fim.

Meu compadre Luis Pedro
não abandone nosso irmão.
Luis Pedro disse: eu juro
Olhando pra Lampião
Meu compadre eu juro a vós
nem a morte separa nós
nas lutas neste Sertão.

Ao desprender-se do corpo
de Antonio já sem vida
Lampião olhou pra Luis
que com a vós estremecida
disse para Virgulino:
me mate sou assassino.
Mas lampião em seguida.

Abraçou com Luis Pedro
com tristeza e comoção
dizendo: tenha coragem
me dê aqui sua mão
porque de agora em diante
você pra mim é importante
como foi o meu irmão.

Luis você não tem culpa
não aumente a desgraça
Antonio com certeza está
ao lado da Divina Graça
foi morar com Mãe e Pai
e com Livino que em paz
agora mesmo lhe abraça.

Depois sepultou Antonio
Junto a um pé de cajarana
a dor da sua familia
troturava sua alma humana
e com um punhal na mão
desafiou a assombração
por mais de duas semanas.

E seguido por seus cabras
rumou para o Ceará
mas ninguém compreendia
o que estava a falar
e nas estradas do Sertão
vagou louco o capitão
que não podia chorar.

Um mês depois do ocorrido
a policia descobriu
a cova de Antonio Ferreira
e o comandante pediu
que arrancasse com o facão
a cabeção e então
municiou seu fuzil.

e ordenou que numa estaca
aquela cabeça fincasse
mandando aos soldados
que todos nela atirasse
e deixaram-na abandonada
na beira de uma estrada
pra mostrar pra quem passasse.

Que o cangaço já era
que ele era o melhor
cangaceiro não prestava
não tinha alma e o pior
era filho de chocadeira
raça ruim desordeira
espécie de marca maior.

Manuel Neto era o chefe
dessa força policial
que agia em Pernambuco
sem escrúpulo, sem moral
E assim tão desumano
profanou um corpo humano
dessa forma irracional.

Assim era a policia
grande força desordeira
irmã contrária ao cangaço
fazendo à própria maneira
equipada, armada e forte
espalhando medo e morte
tendo a Lei como bandeira.

Muitas vezes Lampião
sepultava os inimigos
encomendando suas almas
para serem absolvidos
porque não era fraterno
deixa-lo sofrer no inferno
como sofrem os excluídos.

Que vivem no meu Sertão
sem ter direito ao direito
sem terra e se comida
mas elegendo o Prefeito,
Governador e Presidente
depositando nessa gente
o seu sonho já desfeito.

Sou poeta por que sou
nasci assim e acredito
que meu verso é um Dom
de Deus Pai do Infinito
Fraternidade e razão
tenho fé que meu Sertão
ainda será mais bonito.


Pádua de Queiróz

A HISTORIA DA LITERATURA DE CORDEL

A HISTORIA DA LITERATURA DE CORDEL
para GONÇALO FERREIRA DA SILVA
PÁDUA DE QUEIRÓZ

O poeta cordelista
Co muita satisfação
se apresenta no colégio
MARISTA SAGRADO CORAÇÃO
para falar do cordel
porque esse é o seu papel
de magnifica missão.

A didática é o objetivo
maior dessa literatura
que aborda vários temas
de diferentes culturas
nas ruas e Universidades
o cordel tem prioridade
até na magistratura.

Eu posso até comparar
este trabalho singelo
Com a obra de Shakespeare
que um dia escreveu"OTELO"
o cordel é importante
tal qual livro de Cervantes
nossos folhetos são belos.

Eu vou contar a história
da literatura de cordel
rabiscando com uma caneta
uma folha de papel
mas peço sua atenção
para esta narração
que eu garanto ser fiel.

Como tinha um formato
de fácil confecção
os folhetos eram expostos
pra sua comercialização
nas feiras e nos mercados
onde eram dependurados
simplesmente num cordão.

É por isso que até hoje
ele não foi esquecido
a literatura de cordel
ganhou esse apelido
conquistando corações
atravessando gerações
com seus poetas queridos.

Gil Vicente, grande nome
da literatura medieval
já publicava o cordel
no Reino de Portugal
dessa forma Gil Vicente
Escreveu pra sua gente
Poesia e peça teatral.

Os portugueses trouxeram
para o Brasil colonizado
o folheto ou cordel
que logo foi adotado
como a principal leitura
depois da Santa Escritura
do Nosso Livro Sagrado.

E no Século dezenove
começaram a impressão
dos primeiros folhetos
típicos de nossa nação
totalmente adaptados
tendo os fatos relatados
pelos poetas do Sertão.

Os fatos mais variados
eram descritos em poesia:
política, religião
o real e a fantasia
a história de um povo
registravam um fato novo
de tristeza ou alegria.

E nos lugares distantes
sem rádio e televisão
o cordel era cantado
sob o luar do Sertão
através dos violeiros
que narravam no terreiro
os feitos de LAMPIÃO.

LEANDRO GOMES DE BARROS,
MANOEL CAMILO DOS SANTOS,
JOÃO MARTINS DE ATHAYDE
espalhavam o seu canto
JOSÉ PACHECO,HERMES VIEIRA
empunharam essa bandeira
que eu carrego e portanto.

Dê-me um lugar de destaque
na arte de fazer verso
por isso caros alunos
humildemente eu te peço
também divulguem essa arte
vocês também fazem parte
dessa lista de sucesso.

Atualmente o cordel
é tão útil e importante
poetas contemporâneos
trabalham a todo instante
na sua arte didática
onde o aluno é temática
em sua rima constante.

Quase tudo é virtual
o cordelista é esperto
mesmo distante dos centros
ele pode ser descoberto
seu acesso é disponivel
e rapidamente acessivel
se digitar o SITE certo.

Lá na CAMARA BRASILEIRA
DE JOVENS ESCRITORES
todos os meus contemporaneos
exibem enfim seus valores
cada cordel publicado
é de certo um legado
para alunos e educadores.

GONÇALO FERREIRA DA SILVA,
ANTONIO AMÉRICO MEDEIROS,
KLÉVISSON e ARIEVALDO VIANA,
AZULÃO e MANOEL MONTEIRO,
VARNECI e ABRAÃO BATTISTA
hoje são grandes artistas
igualmente aos pioneiros.

Tem LUIS CARLOS ROLIN,
GUAIPUAN, GONZAGA VIEIRA,
ZÉ MARIA DE FORTALEZA
e JOÃO MELCHIADES FERREIRA,
JOSÉ COSTA, RUBÊNIO MARCELO,
VICENTE VITORINO MELO
brava gente brasileira.

Eu sou PÁDUA DE QUEIRÓZ
sou poeta cordelista
que se orgulha em posar
ao lado desses artistas
que em prol da liberdade
escreve só a verdade
com o seu ponto de vista.

E juntamente com os mestres
desse Centro de Estudo
mesmo com dificuldades
somos capazes de tudo
com amor no coração
fé no Pai da Criação
sem precisar ser sisudo.




padua.dequeiroz@hotmail.com
paduadequeiroz@gmail.com

04/01/2011

LAMPIÃO E MARIA BONITA - PÁDUA DE QUEIROZ

LAMPIÃO E MARIA BONITA E AS MULHERES DO CANGAÇO
Com aféto e gratidão para MARIA QUEIRÓZ
Pádua de Queiróz
Tenho São Miguel Arcanjo
Dentro do meu coração
Tenho força e alegria
Tenho a Santa Proteção
Tenho uma fé inesgotável
Minha mão magra e incansável
Sempre escreve Lampião.

Em mil novecentos e trinta
Em meados de Fevereiro
Lampião necessitando
Os serviços de sapateiro
Para concertar as cangas
E encomendar bugingangas
Apetrechos cangaceiros:

Apragatas, barbicachos,
Cinturões de cartucheiras,
Bruacas, chapéus e tiras,
Embornais e bandoleiras...
E mandou que Luis Pedro
Fosse de manhã bem cedo
Com mais dois da cabroeira.

Como estavam acampados
No raso da Catarina
Vendo os quimbembes velhos
Totalmente em ruinas
Aproveitaria o descanso
No cenário seco e manso
Naquela dura rotina.

E Luis Pedro Partiu
Naquele seco caminho
Ladeado por Cambaio
E por Vicente Marinho
Encomendar o serviço
E depois pagar por isso
Se fosse rápido e certinho.

O sapateiro escolhido
Diziam: tudo remenda!
Chamava-se, Zé de Neném
Seria dele a encomenda.
E Zé tinha em sua casa
Um lindo Anjo sem asa
Uma verdadeira prenda.

Seu nome, Maria Alina
Apelido, Maria de Déia
Que casada há oito anos
Sonhava com uma epopéia,
Coisa talvez ipossível
Pois seu marido insenssível
Desprezava essa idéia.

Só pensava em bater sola
Porque era seu ofício
E viver naquele Sertão
Já era um sacrifício
Sua mulher simplesmente
Já pensava diferente:
Aquilo era um desperdicio!

Homem era Lampião
Que combatia e dançava,
Em Carira e Sobradinho
E em Aquidabã mandava,
Bandido de coração nobre
Fiél protetor dos pobres
Que todo Sertão respeitava!
Luis Pedro, ouviu tudo
E contou pra Lampião
Que assim disse: meu compadre,
Com essa eu não bulo não
E toda mulher casada
Deve é ser respeitada
Não mudo de opinião!

E Luis disse: Vá lá,
Somente pro Senhor ver
Essa mulher que eu falo
Juro não vai esquecer,
Aquele rosto tão belo
Parece um Anjo singelo
Que no Sertão foi viver!

E continuou Luis Pedro:
O marido nem dá bola!
Ela até me confessou
Que a noite ele não consola,
Sua solidão de mulher
Porém se o Senhor quiser
Na estrada mete sua sola.

Lampião falou: seu cabra
Vamos deixar de conversa,
Não se fala mais no assunto
Eu não entro numa dessa
Tá na hora de dormir
Amanhã vamos sair
Mas pra ir buscar as peças.

No Raso da Catarina
O Sol nasceu diferente,
E depois de muito tempo
O Nordeste, sorridente.
Tudo então parecia
Que a Paz e a Harmonia
Triunfava novamente.

Com um uniforme impecável
Lenço em volta ao pescoço,
Perfumado e barbeado
Parecia até mais moço
Lampião apareceu
E com o jeito só seu
Ordenou sem alvoroço:

Compadre Luis vá chamar
Bem ligeiro, Beija-Flor!
Pensativo Luis disse:
Isso é mesmo o amor.
O nosso Rei a tardinha
Vai conhecer sua Rainha
E ele é merecedor!

E ao chegar na porteira
Da casa do sapateiro
Nem deu tempo desmontar
O chefe dos cangaceiros,
Quando apareceu cheirosa
A mais bela e mais formosa
Do Nordeste brasileiro.

Lampião adimirado
Nem queria acreditar,
Seria mesmo verdade
Ou estava a sonhar.
E sorrindo de contente
Viu ali na sua frente
O verdadeiro amor brotar.

Que, que Ma, Maria Bonita!
Ele falou gaguejando.
E lhe estendendo a mão
Num gesto comprimentando.
Era só felicidade
Que sem ter dificuldade
Rápido foi desmontando.

E pra sentar-se a sombra
Ela então o convidou,
E para ouvir a conversa
Até o tempo parou.
Maria falava tudo
E Lampião semi- mudo
Criou coragem e falou:

É verdade que você
Tem coragem de ír comigo?
Ela respondeu: vou sim,
E não temo o perigo.
E se o Senhor quiser
Eu serei sua mulher
E vou embora contigo!

Lampião disse: mulher
Casada que já tem dono...
Ela interrompeu dizendo:
Eu vivo no abandono.
Quero viver a seu lado
Como dois apaixonados,
Esse sim é o meu plano!

Dona Déia que estava
Espiando na janela,
Inspirou aliviada
Vendo sua filha tão bela
Ao lado de Lampião
Governador do Sertão
Totalmente escravo dela.

E convidou o casal
Pra ír comer na cozinha.
Enquanto Zé de Neném
O seu trabalho mantinha.
Com certeza receioso
Nem sentia o cheiro gostoso
Do queijo, café, farinha,...

Mesmo espiando tudinho
Que estava acontecendo
Zé de Neném só olhava
E a sola ía batendo.
Lampião despreoculpado
Por Maria apaixonado
Viu o Sol se escondendo.

Voltou para o acampamento
Mas antes disse a Maria:
Amanhã bem cedo eu volto
Antes do nascer do dia.
Você vai morar comigo
Vou enfrentar o perigo
Mas na sua companhia!

Nem bem o dia raiou
Lampião já estava lá,
Na porta do sapateiro
E antes de dizer, olá.
Maria veio correndo
E pra ele foi dizendo:
Eu não fico mais por cá!

Zé de Nenem que tomava
Seu mingal de Carimã,
Parecia um agricultor
Ouvindo o som da Acauã.
Enquanto lá fora a harmonia
Dos primeiros raios do dia
Embelezava a manhã.

Zé olhou para a janela
E falou com a vóz serena,
Até mesmo a escolta
De Lampião sentiu uma pena.
Maria, tu vai me deixar?
E Lampião, sem se importar
Partiu com sua pequena.

Porém deixou uma carta
Escrita com a própria mão,
Pra que todo mundo soubesse
Que ele não era ladrão,
Relatando que Maria
Foi pra sua companhia
Por sua própria opção.

Com uma grande festança
Lampião comemorou,
Xaxado, xote e polca
Naquela noite dançou,
Com sua Maria Bonita
Toda enfeitada de fita
Virgulino se Casou.

Já era nove da noite
A peitica e o bacural
Entretidos espiavam
De cima de um pé de pau.
Quando Lampião e Maria
De fininho escapulia
Para noite nupcial.

Com a entrada de Maria
Na rotina do cangaço
Quem possuisse mulher
Oficializasse os laços
Lampião deu o direito
A todos no mesmo leito
Ocupar o mesmo espaço.

Algumas eu tenho em mente
Eis aqui a relação:
Sila com Zé Sereno,
Maninha com Gavião,
Rosinha com Mariano,
Lídia com Zé Baiano,
E Leolina com Azulão.

Maroca com Mané Moreno,
Aldina com Paturí,
Catarina com Sabonete,
Dussanto com Alecrim,
E o tempo ía passando
E a tropa aumentando
Maria com Jurití.

Lilí com Moita Brava,
Veronquinha com Beija-Flor,
Entre tantas que aprenderam
A enfrentar o terror,
Mocinha mulher de Medalha
Não fugia da batalha
Defendendo o seu amor.

Foram mulheres que o amor
Moldou para aquele cenário
Neném foi de Luis Pedro,
Adília foi de Canário,
Dora foi de Arvoredo
E desconhecia o medo
Do cangaço ex-solitário.

Enfrentavam uma luta,
Não temiam uma abordagem...
Por isso a essa mulheres
Eu presto a minha homenagem.
Apesar da triste sorte
Muitas encontraram a morte
Mas morreram com coragem.

AUTOR: PÁDUA DE QUEIROZ
paduadebaturite@hotmail.com

02/01/2011

PÁDUA DE QUEIRÓZ

para VARNECI NASCIMENTO
que definiu com muita propriedade a literatura de cordel:
"....dificil de escrever, porém fácil de entender."


LAMPIÃO EM SERGIPE - 1929

No ano de vinte e nove
Virgulino, o Lampião
Provou porque era mesmo
"O Governador do Sertão"
Quando passou em Sergipe
Simplesmente, acredite
Sem disparar um rojão.

Com o seu grupo formado
De nove "cabras"valentes:
Volta Seca e Ezequiel,
Moderno e Arvoredo na frente,
Fortaleza e Gavião,
Zé Baiano,Gato e Mourão
Chegaram então de repente.

Lá na pequena Carira
E escreveu ao delegado
Felismino Dionisio
Mostrando ser educado
Pedindo autorização
Mas o delegado, em vão
Já havia se ausentado.

Seis soldados possuia
Todo destacamento
Da pequena Carira
Então naquele momento.
Mas somente dois ficaram
Os demais se debandaram
Fugindo daquele evento.

Quando Lampião ficou
Sabendo do acontecido
Elogiou a coragem
Dos soldados destemidos
E foi ele pessoalmente
Parabenizar,com presentes
Aos seus novos protegidos.

Porque um homem valente
Não se devia matar
Era preciso viver
No Sertão para honrar
A fama de "cabra macho"
Cabra de coragem e facho
Era pra cria botar.

E ali o povo sem medo
Foi conhecer Lampião
Que sob salva de palmas
De toda população
Seguiu meio desconfiado
O seu rumo intencionado
Sumindo na escuridão.

Pernoitou naquela noite
Na casa de um fazendeiro
Que acolheu sem protesto
O grupo de cangaceiros
Que de manhã bem cedinho
Rumou para sobradinho
Agradecendo ao "coiteiro".

Na entrada da Cidade
Sergipana, entrincheirou
Lampião todo o seu bando
E por um portador mandou
Um bilhete ao Intendente
Solicitando urgente
E assim ele relatou:

"Se quiser que eu entre em paz
Por favor venha até aqui.
Se não vier entro a bala
E acabo com tudo ai..."
A Cidade apavorada
Ficou com as mãos atadas
Tendo Lampião ali.

O Prefeito comunicou
Ao delegado a questão
Que respondeu:Tu tá doido,
Vá receber o Capitão!
O destacamento fugiu
No meio do mato sumiu
Com medo de Lampião!

Ele nem mesmo pensou
Duas vezes no assunto
Chamou o dito emissário
E com ele partiu junto
Para a entrada da Cidade
E disse sem autoridade:
O que queres,lhe pergunto?

Lampião, disse:Prefeito,
Me escute afinal.
Vocês diz que sou bandido
Mas não ando fazendo mal
A quem mal não me faz
Por isso fique em paz
E bote no meu embornal.

Vinte conto de réis
Somente pra me ajudar.
Que eu prometo Prefeito
Nenhum estrago causar,
A vida de Cangaceiro
Sem comer,bala e dinheiro
Não tem como se sustentar!

E o prefeito lhe alegou
Não possuir tal quantia,
O comércio enfraquecido
Com a seca que consumia.
E Lampião sem demora
Retroncou na mesma hora:
Também vivo essa agonia!

São quatorze anos de seca
Sendo nove de Cangaço,
Me dê ao menos seis contos
Não me cause embaraço.
Para tudo tem um jeito
Me ajude, seu Prefeito
E mal nenhum eu lhe faço!

E sairam em comissão:
O prefeito e o delegado,
O padre e o telegrafista
Em busca do solicitado.
Nos comércios e fazendas
Arrecadaram a renda
Conforme o estipulado.

A receber o dinheiro
Com muita satisfação,
Agradeceu comovido
Dizendo assim Lampião:
Eu sei que foi de bom grado
Por isso muito obrigado
Gente de bom coração!

E na madrugada partiu
Seguindo pra Aquidabã
Chegando nessa Cidade
Com o Sol da Alta manhã
Onde foi bem recebido
Nem parecia um "bandido"
Arrodiado de fã.

O prefeito e o juiz,
E o povo todo festeiro
Prestaram grande homenagem
Ao maior dos Cangaceiros,
Que rumou para Bahia
Levando como dizia:
"Coragem,bala e dinheiro!"

inn memória de PEDRO CHAVES PITOMBEIRA.

POETA PÁDUA DE QUEIRÓZ