21/10/2020

GPTFNMA - ESFEROGRAVURAS DE PÁDUA DE QUEIRÓZ


GENIVAL DE SOUSA

GILBERTO FIGUEIREDO

JEORGE FERREIRA

MARCELO MARQUES

OIAMA MEIRA

RAYCLINGE LUIZ

 
DJAIR GONÇALVES

08/08/2020

JESUS MEU AMIGO - POETA PÁDUA DE QUEIRÓZ (BATURITÉ)

 

JESUS MEU AMIGO

 



Peço a meu Deus Criador.

Com a fé inabalável

A mesma inspiração

De um poeta responsável

Pra descrever em cordel

Da maneira mais fiel

Meu Jesus tão formidável.

 

Que foi descrito nas páginas

Dos Evangelhos de Mateus,

João, Marcos e Lucas

Fiéis seguidores seu

Meu Jesus, meu Salvador

Príncipe da paz, do amor

Filho unigênito de Deus.

 

Que no princípio era o verbo

E o verbo com Deus estava

Porque o verbo era Deus

Maravilhas realizava

E Deus em seu filho Jesus

Se fez vida, era a luz

Que humanidade esperava.


Da linhagem de David.

Conforme estava previsto

Na cidade de Belém

Nasceu o menino Cristo.

Gloria a Deus nas alturas

Confirmadas as escrituras

Cantaram os anjos por isto.

 

Nascido de uma Virgem

Da cidade de Nazaré

Esposa de um carpinteiro

Que se chamava José

Jesus Cristo, o nazareno

Cresceu com o jeito sereno

Sob os desígnios da fé.

 

E foi nas águas sagradas

Do belo rio Jordão

Que Jesus foi batizado

Por seu precursor João.

Que clamava no deserto:

Chegará o homem certo

Para nossa salvação.



João que até pensaram

Ser ele o próprio Messias

Reconheceu em Jesus

Confirmadas as profecias.

E o Divino Espirito Santo

Cobriu de luz o seu manto

E com Ele sempre estaria.

 

Foi André irmão de Pedro

Que o seguira primeiro

E depois o próprio Pedro

Felipe foi o terceiro

Seguindo Natanael

Jesus foi mestre fiel

Amigo, irmão, companheiro.

 

No total doze discípulos

Jesus Cristo reuniu

Operou grandes milagres

O coxo andou, cego viu

Os possessos se acalmaram

Os mortos ressuscitaram

E o povo então lhe seguiu.


Ele pregou nas montanhas

Sua palavra de amor

E nas regiões mais distantes

O divino pregador

Falava de um mundo irmão

Insistiu que o perdão

Era conciliador.

 

Entre Deus e o homem

No Reino que anunciava

Nos mares, rios, cidades

Sua palavra ecoava.

O pregador peregrino

Realmente era Divino

Quem o ouvia afirmava.

 

Acabou-se o preconceito

Entre os povos rivais

E por onde Ele passava

Nem clamores e nem ais

Era tanta harmonia

Que o rabino transmitia

Que incomodou Caifás.


Que era Sumo sacerdote

E astuto fariseu

Que seguia ao pé da letra

O ensinamento Judeu

Não enxergava em Jesus

Que Ele era a própria luz

Que guiaria o povo seu.

 

E passou a persegui-lo

Questionando-o, com ciladas

Porem Jesus com a verdade

Respondia sem mancada:

Eu falo em nome do Pai

Quem crer nele nunca vai

Ter alma desamparada.

 

Lá no Reino de meu Pai

Só o justo tem lugar

E ser justo é quem sabe

Sua palavra preservar

E seguir na retidão

E de todo coração

Seu próximo saber amar.


E certo dia Caifás

Juntamente com os seus

Interpelou Jesus Cristo

Diante dos fariseus:

É justo pagar imposto?

Jesus olhou em seu rosto

Dê a Deus o que é de Deus.

 

E a César o que é de César

Isto é o certo eu sei.

E porque não guarda o sábado

É notório, que eu falei?

Se no sábado você cura

Pelas nossas escrituras

Você transgrede nossa lei.

 

Falou Jesus novamente:

Milagres é Deus quem faz

Qualquer dia, qualquer hora

Somente Ele é capaz

O Sábado foi Deus que fez

Para o homem, e outra vez

Desarticulou Caifás.


Este Sumo sacerdote

Não conseguiu corromper

Jesus Cristo, nem tampouco

Conseguia lhe prender

Tamanha era a multidão

Que lhe dava proteção

E articulou fazer.

 

Uma forma, um estratagema

Para sair vencedor

Subornando um discípulo

Então por um certo valor

Por fim venceu seu chicote

Porque Judas Iscariotes

Se tornara um traidor.

 

No Jardim Getsmâni

Jesus foi preso e levado

Diante do rei Herodes

Que não viu crime ou pecado

Levaram Ele à Pilatos

Que lavou as mãos no ato

Dizendo: não sou culpado.


Da morte deste inocente

Vocês resolvam a questão!

Caifás o levou ao povo

Que pediu condenação

Após sofrer violência

Jesus com benevolência

Pediu ao Pai, o perdão.

 

E assim entre dois ladrões

Jesus foi crucificado

Pelos pecados do mundo

Foi morto, depois sepultado.

No entanto pra nossa alegria

Simplesmente após três dias

O povo foi informado.

 

Que Jesus ressuscitara

Triunfando contra a morte

Pra guiar a humanidade

Contra as mazelas da sorte

E quando eu penso em jesus

Que a humanidade conduz

Eu me sinto até mais forte.

 

Baturité, CE: 27/06/2020

Autor: Pádua de Queiróz


Pádua de Queiróz, é poeta cordelista, humorista, ilustrador, cantor, compositor Baturitéense. Seus trabalhos sempre voltados à didática é bastante consultado.

MESTRE DOS SABERES E FAZERES DAS CULTURAS POPULARES DO MUNICIPIO DE BATURITÉ(Lei Municipal nº 1820 – 12.09.2018), recebeu por duas vezes o “Troféu Memória Histórica de Baturité” pela prefeitura Municipal de Baturité (2015/16) e o Prêmio Jovem do Ano 2018, na categoria Escritor/poeta, pela Associação Arte e Cultura Pôr do Sol na cidade de Mulungu/CE.

Ler, ouvir ou assistir Pádua de Queiróz é maravilhoso, a história recontada por este poeta serrano é realmente indescritível.

 

paduadebaturite@hotmail.com

paduadequeirozcordelearte.blogspot.com

85.987924575


JOSÉ ARLINDO DE OLIVEIRA - POETA REPENTISTA, CORDELISTA E MÚSICO(BATURITÉ/CE)

 


AINDA HOJE SINTO SAUDADE

DAS TERRAS DO MEU SERTÃO

 

Nos tempos que eu trabalhava

Eu vivia alegremente

Enfrentando o Sol quente

Muita saúde eu gozava.

E por onde eu passava

Cantava a minha canção

Ao som do meu violão

E a minha honestidade

Ainda hoje sinto saudade

Das terras do meu sertão.

 

Eu recordo que na época

Eu trabalhava na roça

Eu vivia de mão grossa

Mas não era sofrimento.

Pegava então meu jumento

Ia catar meu feijão

Com uma foice na mão

Mas sem nenhuma maldade

Ainda hoje sinto saudade

Das terras do meu sertão.


As vezes fico lembrando

Quando eu andava a cavalo

Voltava ao cantar do galo

Já o dia clareando.

A vaca eu ia desleitando

Era a minha obrigação

Tirava peixe em galão

Na maior tranquilidade

Ainda hoje sinto saudade

Das terras do meu sertão.

 

Me lembrei do caçador

Sem ferramenta na mão

Logo quem cava o chão

É seu cão farejador

E seja a hora que for

Ele tem disposição.

Caçando sua refeição

Em sua propriedade

Ainda hoje sinto saudade

Das terras do meu sertão.


No sertão o agricultor

É um homem tão sofrido

Pelos grandes, esquecido

Mas ele tem seu valor.

Um caboclo sofredor

Vive capinando o chão

Com uma enxada na mão

Cheio de felicidade

Ainda hoje sinto saudade

Das terras do meu sertão.

 

Acho bonito o vaqueiro

Todo vestido de couro

Correndo atrás de um touro

Descendo despenhadeiro

Faz o papel de um guerreiro

Montado em seu Alazão.

Puxa o boi, bota no chão

Com muita facilidade

Ainda hoje sinto saudade

Das terras do meu sertão.


Eu vou falar do Pavão

Ele tem sua beleza

Sua grande boniteza

Causa admiração.

Já a Cobra não tem não

Se arrasta pelo chão

Sem ter pé e sem ter mão

Mas tem agressividade

Ainda hoje sinto saudade

Das terras do meu sertão.

 

Admiro o João de barro

Trabalha com perfeição

Constrói a sua mansão

E ninguém lhe dar esparro.

Pois não precisa de carro

Nem dinheiro e nem formão

Termina sua construção

É pedreiro de verdade

Ainda hoje sinto saudade

Das terras do meu sertão



Botei água em ancoreta

carregando em burra cega

andando mais de três léguas

eu vi muita coisa preta.

Isso a gente se sujeita

Quando está na sequidão

Mas quando chove no chão

Volta a felicidade

Ainda hoje sinto saudade

Das terras do meu sertão.

 

Contemplando a natureza

Eu acho muito importante

O milho é fascinante

Nasce de um grão com certeza.

Entre o calor e a frieza

Se houver chuva no chão

Cresce logo, sai pendão

Dá com três meses de idade

Ainda hoje sinto saudade

Das terras do meu sertão.


Nosso rei Luiz Gonzaga

Foi o maior sanfoneiro

Viajou o mundo inteiro

Sua fama não se estraga

Nem seu nome se apaga

Ele é minha inspiração

Cantando a sua canção

Foi uma celebridade

Ainda hoje sinto saudade

Das terras do meu sertão.

 

Januário era seu pai

Sua mãe Dona Santana

Das terras pernambucanas

A sua fama não cai.

No mundo inteiro ela vai

Ainda está em evolução

Está em meu coração

Sua música de qualidade

Ainda hoje sinto saudade

Das terras do meu sertão.

Eu sou filho de uma terra

Que se chama serra azul

Onde corre a Nambú

E o poeta não erra.

Sua rima não se encerra

Nem a sua inspiração

Improvisa com atenção

Com toda capacidade

Ainda hoje sinto saudade

Das terras do meu sertão.

 

Sou um poeta pequeno

Que não tem sabedoria

Meu Deus me deu um aceno

Com sua soberania

Sem precisar fazer teste

Pra mim cantar meu Nordeste

Declamado em poesia.

 


JOSÉ ARLINDO DE OLIVEIRA é poeta cordelista, repentista, compositor. Radicado em Baturité desde os anos 90, é oriundo de  Ibaretama, CEARÁ (02.04.1959)

Estreou na literatura de cordel em um ensaio do poeta cordelista Pádua de Queiróz, com o cordel intitulado: “As coisas do meu Sertão.” Embora com uma temática rica e variada, José Arlindo, o poeta da viola faz questão de ressaltar em seus versos de rimas polidas com simplicidade, a vida cotidiana do sertanejo.

“AINDA HOJE SINTO SAUDADE DAS TERRAS DO MEU SERTÃO” marca sua estreia como poeta cordelista após brilhar por mais de cinquenta anos  abraçado a sua viola de repentista.

 

capa: Pádua de Queiróz

paduadequeirozcordelearte.blogspot.com85.987924575