AJURICABA - O TUXAUA DOS
MANAÓS
Nasci em Baturité
Interior do Ceará
Eu já morei no Amazonas
Porém hoje vivo cá
Quero contar prazeteiro
A história de um guerreiro
Que um dia escutei por lá.
Seu nome era Ajuricaba
Tuxaua dos Manaós
E mesmo sendo nativo
Da terra de seus avós
Pagou com a própria vida
A invasão desmedida
Do lusitano algoz.
Foi entre mil e setecentos
E vinte e três e vinte
sete
Que as lutas ocorreram
Como até hoje repete
De uma forma diferente
De gente oprimindo gente
Onde só ódio reflete.
Manaós significava
Simplesmente mãe de Deus
Os Manauaras viviam
Ali felizes com os seus
Na mais perfeita harmonia
Sem saber que existia
Portugueses Fariseus.
João da Maia da Gama
Governador do Grão-Pará
Autorizou uma expedição
No intuito de capturar
Os nativos da região
Para trabalhar na extração
Da madeira do lugar.
A madeira da floresta
Era de grande valor
Abastecia a Europa
As custas de muita dor
A coroa portuguesa
Contra a Mãe Natureza
Não teve respeito e amor.
Estratagemas usados
De tudo quanto foi jeito
Chegavam dando presentes
Ensinavam os preceitos
De uma nova religião
E após a conversão
O nativo era sujeito.
De abandonar sua crença
Casamento entre raças
Depois eram escravizados
Pra trabalharem de graça
Mas o chefe daquela gente
Também era inteligente
E assimilou a trapaça.
Era o grande Ajuricaba
Chefe daquela nação
Que consultou o seu povo
E decidiu dizer não
Expulsou os invasores
Portugueses opressores
Daquele sagrado chão.
Foram várias expedições
Batalhas foram travadas
Ajuricaba , seu reino
Não abdicava por nada
De um lado pólvora no
ataque
Do outro flecha e tacape
E várias vidas ceifadas.
Entre eles Cucunaça
Filho do grande guerreiro
Foi na quarta expedição
Do invasor estrangeiro
Ajuricaba sentiu
Quando seu filho caiu
Pra não viver em
cativeiro.
O Tuxaua Manaós
Não perdeu a esperança
De ver o seu povo livre
Sob sua liderança
E se entregou a batalha
Se fez forte, foi muralha
Resistiu ante a matança
Mais de quinze mil nativos
Jaziam diante o fogo
Da guerra ceifando vidas
E a vida sobre o refogo
Até que o inimigo
Num momento tão fadigo
Enfim venceu o seu jogo.
Ajuricaba foi preso
E levado para Belém
Junto com dois mil nativos
Acorrentados também
Onde seria julgados
E depois executados
Assim para o próprio bem.
Da coroa portuguesa
Que já estava apreensiva
E embora armada e forte
Penou contra a defensiva
Daquele povo tão rude
E que tinha a atitude
Comportamental passiva.
Por ser forte e valente
Entrelaçaram em grilhões
O Chefe dos Manaós
Temendo rebeliões
O grupo vitorioso
O exibia orgulhoso
As demais embarcações.
Ajuricaba na proa
Cansado de tanta disputa
Enfrentou por quatros anos
Uma estupida força bruta
Com o sentimento ferido
Em um ato incontido
Travou sua última luta.
Chegando na desembocadura
Do Majestoso Rio-Mar
Os prisioneiros e seu
chefe
Decidiram se rebelar
Muitos se jogaram ao rio
Lutar era um desafio
Difícil de realizar.
Então a maior derrota
Sofreu aquela expedição
No encontro dos dois rios
Escapou de sua mão
O filho daquela terra
O maior troféu de guerra
O grande chefe irmão.
Com o peso dos grilhões
Em que estava acorrentado
Ajuricaba afundou
E ali morreu afogado
E mesmo não tendo sorte
Entregou-se para a morte
Mas nos deixou o legado.
A luta pelo seu povo,
Por sua crença e liberdade
A luta por sua terra
A luta por felicidade
A luta pela justiça
A luta contra a cobiça
Em nossa sociedade.
Manaus, cultue sempre
Este herói do passado
Nomes de ruas não basta
Pra que ele seja lembrado
Mostre aos jovens
estudantes
Que um estudo incessante
Sobre os nossos
antepassados.
Nos preparam para o futuro
E nos mostram para onde
vamos
E nos dizem com clareza
O porque que aqui estamos
A historia da nossa gente
Hoje cantada em repente
É prova que ainda somos.
Um povo que tem raízes
Tem cultura e tem saber
Um povo que não se engana
Não desiste de viver
Sou poeta nordestino
Manaus, meu doce, destino
Meu amor, meu bem querer.
Poeta Pádua de Queiróz
BATURITÉ/CE 16.08.2018
Pádua de Queiroz é poeta
cordelista, humorista, compositor e Ilustrador.
É um renomado cordelista
baturiteense.
Seus trabalhos sempre
voltados à didática
É bastante consultado.
AJURICABA, O TUXAUA DOS MANAÓS. O guerreiro Ajuricaba habitava nas terras dos
MANAÓS, uma tribo indígena que vivia na região localizada entre Manaus e
Manacapuru. Ouvir ou assistir Pádua de Queiróz é maravilhoso. A história
recontada por esse poeta serrano, com certeza é algo indescritível.
Este trabalho é uma
reedição lançada pela
Casa do Cordel, que em
parceria Com este brilhante cordelista, que empunha Com muito orgulho a
bandeira da nossa Cultura maior:
a literatura de cordel.
paduadequeiroz@gmail.com
paduadebaturite@hotmail.com
paduadequeirozcordelearte.blogspot.com