25/06/2021

HOMENAGEM AOS 50 ANOS DE VIDA DE SILVANAR SOARES - POETA PÁDUA DE QUEIRÓZ

 

SILVANAR PEREIRA SOARES, O FILHO HOMEM

 


Eu sei que a vida vivida

É um belo desafio

Pra quem se propõe viver

Sem da fé ter um desvio

Cinquenta anos de luta

Tal qual um perene rio.

 

Eu comparo esta história

Que em versos quero narrar

Com um riacho pequeno

Que noutro vai desaguar

Se transformando num rio

Que corre de encontro ao mar.

 

Por onde este rio passa

Transforma o seco sem vida

Em uma bela paisagem

Verde, multicolorida

Lágrimas de felicidade

É a mão de Deus estendida.

 

Hoje é cinco de Junho

Dia do Meio Ambiente

E de Silvanar Soares

Um exemplo para gente

Afilhado de São João

Filho de um cabra decente.

 

Chamado Chico Soares

Que viveu mais de cem anos

Hoje certamente está

Ao lado do Soberano

Feliz por este seu filho

Magnifico ser humano.

 

Cinquenta anos de luta

Pode anotar no caderno

Silvanar está completando

Com as bençãos do Pai Eterno

Vivenciou no sertão

Chuva e escassez de inverno.


Dona Luzia Pereira

Foi uma mãe amorosa

De Silvanar, Luciano

E Itamar, orgulhosa

Dos filhos e com amor

Criou sem nenhuma prosa.

 

A infância dos meninos

No ambiente sertanejo

Eu imagino o cenário

E imaginando eu vejo

Saindo em busca de água

E a imagem vem num lampejo.

 

Duas horas da manhã

Um jumento e dois menino

Mais de uma légua de estrada

E um açude era o destino

Tarefa cotidiana

Na vida do nordestino.

 

E ao chegarem no açude

Um passava a encher

A ancoreta de água

Pra cozinhar e beber

E o outro ia pro mato

Juntar manga pra comer.

 

E já amanhecendo o dia

Para casa então retornava

Os dois meninos e o jumento

Que no lombo carregava

A água e o saco de manga

O pobre jegue penava.

 

Eu não sei se por vingança

Ou até mesmo fingimento

Para se livrar do peso

Que levava no momento

Deitou-se então no caminho

O companheiro Jumento.


Os meninos agoniados

Tentando em vão levantar

O jumentinho e sua carga

O remédio era esperar

Passar naquele caminho

Um adulto pra lhe ajudar.

 

Outra cena da infância

Desse nosso cinquentão

Cabe aqui um registro

Contado por seu irmão

Quando os dois moendo milho

Moeram foi uma mão.

 

Silvanar socava o milho

Colhido de seu roçado

Ao lado de Itamar

Que moía animado

De repente ouviu um grito

E ficou aperreado.

 

A mãozinha de Silvanar

Por descuido escapuliu

Pra goela do moinho

Que depressa engoliu

Mas a mão de Silvanar

Toda amassada saiu.

 

Um aluno nota dez

Era nosso personagem

Que sacrificou um ano

De estudo, foi coragem

Pra cuidar de pai e irmãos

Nessa triste passagem.

 

De sua vida que não era

Um sonho de uma criança

Porém Silvanar Soares

Com muita perseverança

Ficou em casa cuidando

Da família com esperança.



De ver voltar do hospital

Sua mãe admirável

Com a mesma disposição

Alegre e sempre saudável

“Silvanar não tem parêa

Oh, macho vei formidável.”

 

Puxou égua com arado

No roçado com seu pai

E foi pai de seus irmãos

Que do seu lado não sai

Hoje com cinquenta anos

Não escorrega e nem cai.

 

Continua o mesmo cabra

Da lagoa de São João

Sempre ao lado de seu povo

Um matuto cidadão

Hoje no rádio defende

A cultura do sertão.

 

Nossa região hoje tem

Uma divida com esse sujeito

Que lutou com dignidade

Por trabalho e direito

Homenagear em vida

É uma forma de respeito.

 

Eu sei que o tempo passou

Passou e não volta mais

E Silvanar continua

Trabalhando até demais

Hoje o que vemos no campo

Tem as suas digitais.

 

Quando temos fé em Deus

Podemos realizar

Cinquenta anos de história

E assim sem medo contar

Para a filha Maria Rita

Dona Silvinha, e é bonita

A vida de Silvanar.

 

Pádua de Queiróz – 05.06.2021




Nenhum comentário: