08/08/2011

PADRE CÍCERO - O SANTO DO JUAZEIRO


Os bandidos mais temidos choravam a seus pés,
homens de bons costumes,
os famintos,
os perseguidos,
viam a possibilidade de sobrevivência ao lado daquele santo homem,
muitas vezes taxado de embusteiro, fanatizador e coiteiro  de criminosos.

Antes que alguém faça mal juízo sobre a figura do Padre Cícero, é preciso primeiro conhecer a história do menino que queria ser padre, e acabou virando o santo mais reverenciado do nordeste brasileiro,embora a sua imagem ainda não esteja nos altares das igrejas, ela ocupa um espaço especial no coração de seu povo: O SERTANEJO.

O padre Francisco Antero, doutorado em Teologia em Roma, em Outubro de 1883, em seu relatorio sobre o caso do Milagre em Juazeiro escreveu:
"...parece que todos os padres estrangeiros do Seminário desta capital, estão convencidos de que Jesus Cristo não deixa a França para obrar milagres no Brasil: é o maior argumento destes padres contra os fatos do Juazeiro.


PADRE CÍCERO - O SANTO DO JUAZEIRO

Eu peço aos mátires da fé
que agora estão no Céu
ao lado de Jesus Cristo
e sua Mãe tão fiél
que ilumine minha mente
pra decantar em cordel.

A trajetória seguida
por meu Padim milagreiro
que nasceu lá no Crato
pra fazer de Juazeiro
a Méca do Carirí
Terra Santa do Romeiro.

Méca é a cidade sagrada
do povo do ALCORÃO
onde Maomé recebeu
de Alá uma missão
transformar aquele povo
em uma única Nação.

O que houve em Juazeiro
do Norte no Ceará
tem a mesma semelhança
com a Méca de Alá
Maomé viu um Anjo alí
meu Padim viu Deus por cá.

Quem conhece Juazeiro
sabe que falo a verdade
até hoje a presença
de meu Padim na cidade
é notória pois impera
paz, amor e liberdade.

Ele o segundo filho
de três que Dona Quinô
junto com Joaquim Romão
geraram com muito amor
respeitando e seguindo
as Leis de Deus Criador.

Desde cêdo o jovem Cícero
a sua fé demonstrava
se alguém o procurasse
na igreja o encontrava
e ser padre era tudo
que Cícero Romão sonhava.

O senhor Joaquim Romão
ensinou o filho a ler
sabia que era importante
a cartilha do ABC
pois sem cultura no mundo
era dificil viver.

Numa escola cratense
Cícero foi matriculado
aos seis anos de idade
ele era orientado
pelo professor Rufino
que tinha muito cuidado.

Nas lições que aplicava
ao menino Cícero Romão
aritmética, latim,
gramática e religião,
a história do Brasil
e os costumes do sertão.

E dedicado aos estudos
Cícero seguia contente
e o sonho de ser padre
não saía de sua mente
e ao fazer doze anos
jurou decididamente.
 
Manter sua castidade
e viver imaculado
quando fez dezesseis anos
deixou então seu Estado
pra estudar em Cajazeiras
ele foi matriculado.

Ao chegar na Paraíba
Cícero se sentia assim
a vontade e feliz
ao lado do Padre Rolim
o fundador do colégio
que tinha o principal fim.

Orientar o menino
para a sua vocação
de ser padre e levar
para o povo do sertão
a palavra do senhor
através de seu sermão.

O jovem ficou dois anos
na cidade paraibana
aprendendo os preceitos
de Deus e da vida humana
até que uma notícia triste
chegou das terra serrana.

O seu pai Joaquim Romão
tão amado e querido
lá na cidade do Crato
havia então falecido
deixando o jovem Cícero
triste porém decidido.

Em largar os estudos
que ele tinha tanto gosto
era o único filho homem
por isso estava disposto
em cuidar de sua familia
embora a contragosto.

quase três anos afastado
do mundo da educação
Senhor Joaquim apareceu
para Cícero numa visão
após ele ter tomado
outra triste decisão.

De vender então seus livros
pra quem quisesse comprar
já que vivia ocupado
sem tempo para estudar
e o dinheiro era bem-vindo
pra familia alimentar.

Cícero, não abandone
teus livros e teus estudos
porque Deus dará um jeito
e vai tomar conta de tudo
escute bem meu conselho
meu filhinho,eu não te iludo!

Aquele jovem que tinha
algo de extraordinário
prosseguiu o seu estudo
trabalhou feito um operário
até que conseguiu ingressar
um dia no Seminário.

Da capital cearense
com apoio de seu padrinho
de Crisma Antonio Luiz
que tinha um grande carinho
Por Cícero que iria trilhar
um árduo e longo caminho.

E durante cinco anos
de estudos e dedicação
no Seminário da Prainha
fechou o ciclo de formação
e foi ordenado padre
o filho de Joaquim Romão.

Que não teve vida fácil
pra alcançar seu objetivo
dois anos antes o conselho
alegou vários motivos
para não mais ordenar
o seminarista impulsivo.

E por ter idéias próprias
o seminarista esquecia
que tudo só fincionava
respeitando a hierarquia
mas Cícero era sincero
a Jesus Cristo e a Maria.

Dom Luis que era o Bispo
respeitou suas fraquezas
dizendo: Cícero é um Anjo
e disso eu tenho certeza.
E foi ordenado por ele
na catedral de Fortaleza.

E retornando ao Crato
após um mês de viagem
no lombo de um cavalo
levando em sua bagagem
seu sonho realizado
com amor, fé e coragem.

Na primeira hora do dia
em primeiro de Janeiro
no ano de mil e oitocentos
e setenta e um, no terreiro
de casa desmontou Cícero
"O santo do Juazeiro".

Na janela de sua casa
com uma laparina na mão
Apareceu Dona Quinô
para lhe dar a benção
e Mariquinha e Angélica
abraçaram seu irmão.

Nossa Senhora da Penha
no altar lá da Matriz,
Dona Quinô e as filhas
Seu padrinho Antonio Luiz,
o Padre Manuel Aires
e o povo todo feliz.

Assistiram a primeira
missa que foi celebrada
por Padre Cícero Romão
em sua terra abençoada
e Jesus Cristo cumpriu
a sua palavra empenhada.

porque ele tinha um plano
na vida de meu Padim
filho de Dona Quinô
e do falecido Joaquim
afilhado de Antonio Luiz
aluno do Padre Rolim.

Ainda em setenta e um
ele foi solicitado
lá no Sítio em Juazeiro
um lugarejo afastado
que não tinha Capelão
fixo para aquele lado.

O povo queria muito
uma missa no Natal
para abençoar a todos
que vivia no local
e Padre Cícero aceitou
e partiu para o Arraial.

Que sabia que o povo
precisava de um Pastor
a missa foium sucesso
e reconhecido o valor
do padre que virou amigo
do povo e fiel confessor.

Pobre povo que tentava
sempre sobreviver
procurava uma sombra
e água para beber
vivia alí oprimido
trabalhando pra comer.

No período em que a chuva
caía farta do Céu
enchendo de cereais
o paiol do coronel
que mandava sem ter nunca
entrado em um quartel.

O Governo naquela época
dava o título de Barão
aos donos dos cafezais
e plantadores de algodão
e os donos de muitas posses
era coronel no sertão.

Que tinha em seu comando
a sua própria milícia
que oprimia o povo
com o aval da polícia
eram os jagunços do homem
que agia com malícia.

Quando queria aumentar
o seu pasto ou plantação
oferecia um prêço
irrisório e sem sermão
expulsava o sertanejo
que pensasse em dizer não.

Só restava a esse povo
pedir a Deus lá no Céu
livra-lo da fome e sêde
e do malvado coronel
responsável por deixar
seu ex-vizinho a léu.

Enquanto no Juazeiro
o Padre recem formado
sob a proteção de Deus
solícito e dedicado
trabalhando para o povo
fazendo bons resultados.

No cultivo e criação
conforme os procedimentos
o padre orientava o povo
com um grande conhecimento
conciliando o trabalho
com os Santos Sacramentos.

Mas um dia o jovem padre
sentindo-se muito enfadado
após uma jornada dura
e o corpo quase alquebrado
voltou pra casa abatido
muito triste e cansado.

Tomou água e numa rêde
se deitou pra descansar
quando teve uma visão
mas soube bem precisar
era o Senhor Jesus Cristo
com os Apóstolos a falar.

Todos em volta do Mestre
ouvindo-o atentamente
lembrava a Santa Ceia
a visão em sua frente
Jesus reclamava muito
dos pecados de sua gente.

Que viviam desregradas
mas faria um grande esforço
para salvar o mundo
que estava no fundo do poço
e ordenou de forma enérgica
para aquele padre tão moço:

Tome conta desse povo
essa é a minha vontade!
Padre Cícero vendo o povo
que passava necessidade
resolveu ficar de vez
naquela localidade.

Para ele aquela visão
era de Deus um presente
e um filho que ama o pai
tem que ser obediênte
mesmo enfrentando o perigo
que viria pela frente.

Em pouco tempo Juazeiro
logo se transformou
em uma Vila tão próspera
Que jamais alguém sonhou
e o rebanho do padre
de repente aumentou.

E um dia para o povo
diante da Santa Cruz
a conteceu o Milagre
do Sangue do Senhor Jesus
na hora da Eucaristia
momento de fé e luz.

Quando a hóstia Consagrada
em sangue se transformou
na boca da Beata Maria
de Araújo, se espalhou
pelo o mundo a notícia
que Jesus Cristo chegou.

Na Vila de Juazeiro
e era um sinal de perdão
gente de todo lugar
que morava no sertão
correram pra juazeiro
em busca da salvação.

Os líderes da Santa Igreja
descrentes com o acontecido
suspenderam o Sacerdote
julgando ter ocorrido
uma mentira, um embuste
com o padre envolvido.

Ma o povo conhecia
o Padre Cícero e portanto
não abandonou seu líder
chegando de todo canto
para apoiar seu Pastor,
padrinho, amigo e Santo.

Que jamais abandonou
o povo do seu sertão
e mesmo estando impedido
de pregar o Santo Sermão
não negou jamais a Deus
não abandonou sua missão.

Em mil novecentos e onze
Juazeiro virou cidade
e meu Padim virou prefeito
porque tinha qualidade
pra liderar o seu povo
rumo  a prósperidade.

Naquela época ninguém
falava em ecologia
Padre Cícero visionário
para o povo então dizia
não devaste a natureza
plante uma árvore, pedia.

Juazeiro se transformou
em um Oásis no sertão
cana de açúcar, mandióca,
arroz, milho e feijão
dava de tudo na terra
do Padre Cícero Romão.

Que nunca mais passou fome
ou outra necessidade
e o Padre Cícero jamais
deixou aquela cidade
hoje ele está lá no Horto
vendo a felicidade.

Daquele povo que um dia
Jesus Cristo lhe entregou
e é essa a história
do menino que sonhou
em ser padre e no entanto
em santo se transformou.

Só espero que em Roma
o Santo Papa reveja
o caso do Padre Cícero
e faça o que o povo deseja
ver a imagem do "PADIM"
no altar de uma igreja.

Quando eu fui pra Amazônia
ser soldado fuzileiro
eu jamais abandonei
a minha fé de romeiro
e viva meu ''PADIM CIRÇO''
o Santo do Juazeiro.

BATURITÉ/CE 22/07/2011


Para MARIA PEREIRA COSTA(DONA NITA)

Um comentário:

Lúcia Bezerra de Paiva disse...

Olá, Pádua
Gosto de Cordel, gosto de Baturité e já gosto, portanto, de PÁDUA DE QUEIROZ, CORDEL E ARTE...assim, já me instalei, para seguí-lo.
Em criança, ia muito à Baturité, duas irmãs minhas foram "internas" do Patronato e tínhamos nossas primas, as Furtado, pelo lado dos Bezerra de Menezes. Comecei a ir, de trem, pelos anos 1950. Amo essa cidade. A Mirtes Furtado, minha prima, falava muito do Putiu. Sempre ia uma serra chamada Veneza, 1 légua e meia acima da cidade,íamos a cavalo...minha infância agradece, aqueles momentos tão lindos. Na cidade, Baturité, ficávamos hospedados na casa das Furtado, casa que elas doaram à Igreja, que já "tomou posse", segundo soube na semana passada, quando lá estive.
Veja num blog de uma amiga, Fátima Garcia - http//cearáemfotosehistoria.blogspot.com. - há uma postagem sobre Baturité, feito ontem.
Se quiser, faça-me uma visita no blog Da Cadeirinha de Arruar.Escrevo sobre minha família.
Tenho um amigo, Geová Sobreira, que é especialista em Padre Cícero.
Lí algumas postagens suas, Pádua, e gostei muito.Parabéns, pelos cordéis...

Um abraço
Lúcia