O SACRISTÃO E O PADRE
Meu amigo eu
vou contar
Da melhor
forma que sei
Essa estória
que escutei
Aqui no meu
Ceará.
Se você quer
escutar
Então deixe
de besteira
Puxe logo
uma cadeira
E se sente
ai no chão
Aproveite a
distração
Mas saiba que é brincadeira.
Essa estória
é uma peleja
E sei que
vão me criticar
Porque não
devo brincar
Com as
coisas da santa igreja
Mas se é assim
que assim seja
E preste
bastante atenção
O padre e o
sacristão
Só querendo
se dar bem
Qual dos
dois a razão tem?
Quem tem dos
dois a razão.
Zé Maxixe
parecia
Com uma alma
penada
Não tinha
quem desse nada
Por ele que
padecia
Esse menino
vivia
Dormindo sob
o relento
Mas todo seu
sofrimento
Certo dia
acabou
O padre lhe
adotou
Lhe dando o
ensinamento.
Da doutrina
de Jesus
Amor e fraternidade
Andar sempre
com a verdade
Só a verdade
conduz
O cristão
que abraça a cruz
Tem uma vida
feliz
O padre e
seu aprendiz
Foram logo
se entrosando
E amizade
aumentando
Mas tem um
ditado que diz:
Amizade e
dinheiro
Separados
devem ser
E depois de aprender
Sobre o amor
verdadeiro
O menino
companheiro
Se tornou um
sacristão
Tinha farta
refeição
E roupa
limpa vestia
Arrumava a
sacristia
Com zelo e
dedicação.
As ofertas,
era sua responsabilidade
Recebia e
anotava
Tudo o que o
povo dava
Zé Maxixe na
verdade
Pra tal
contabilidade
Tinha mesmo
vocação
Certo dia no
Sermão
O padre lhe
elogiou
A paróquia
prosperou
Com o novo
sacristão!
Mas certo
mês a coleta
Diminuiu o
rendimento
Caiu sessenta
por cento
Ficando
então incompleta
E foi caindo
a oferta
Comparada ao
mês passado
O padre
desconfiado
Pensou eu
vou me esconder
Ai eu
poderei ver
Se eu estou
sendo roubado.
E quando a
missa acabou
Disse o
padre ao sacristão:
Vou resolver
uma questão
Na casa de
um fiel eu vou!
Sua batina
tirou
E saiu muito
arrumado
Mas num
cantinho intocado
Caladinho e
escondido
Ficou sem
fazer ruído
Feito cabra
desconfiado.
O sacristão
a sorrir
Disse agora
eu me ajeito
E hoje é do
meu jeito
Que nós
vamos dividir
Não adianta
eu pedir
Que o padre
não me dar
E santo não
vai precisar
De tanto
dinheiro assim
Um pra tu,
outro pra mim
O do santo
vou anotar.
E o padre
escondidinho
No lugar
aonde estava
O sacristão
nem desconfiava
Que o padre via tudinho
Aquele seu
dinheirinho
Era agora de
outro dono
A noite
perdeu o sono
Pois
estendera a mão
Para um
pequeno ladrão
Que vivia no
abandono.
Bem cedo,
muito bem cedo
O padre
disse ao amigo
Eu quero
falar contigo
Eu descobri
um segredo
Vá no
confessionário sem medo
Que eu vou
lhe contar tudo
Dessa vez eu
não me iludo
Meu querido
sacristão
Quero a sua
confissão
Peço não vá
ficar mudo.
O sacristão
se sentou
Ali do lado
de fora
O padre
dentro se ajeitou
E disse:
confesse agora
Mas não
minta nessa hora!
Você anda me
roubando?
Porque eu
sei que esta faltando
O dinheiro
da caridade
Quero saber
a verdade
Deus está
nos escutando.
Não estou
ouvindo nada
Foi dizendo
o sacristão
O padre
retrucou: ladrão
Vi você
fazer a parada!
Ou tôu com
as ouças tampada
Ou aqui
padre não dar
Para um
cristão escutar
O que o
senhor tá falando.
Se não tá
acreditando
Vamos trocar
de lugar!
Nisso o
padre saiu
E o
sacristão entrou
E depressa
então falou:
O padre
conhece seu Bil
Que matou o
Jovenil?
Ele paga
quem disser
Quem tá
pegando a sua mulher?
Olha seu
padre eu não minto
Pena do
senhor eu sinto
E adeus
boquinha em pé!
O padre
ficou gelado
Ao ouvir o
sacristão
E disse você
tem razão
Ninguém ouve
desse lado
Oh meu
sacristão amado
Vamos deixar
pra depois
Sei que a
mão de Deus impôs
Nessa
conversa em comum
E no prato
que come um
Ajeitando
come dois.
Zé Maxixe
não seguiu
A vida
sacerdotal
Lá no
Planalto Central
Certa vez
alguém lhe viu
Mas depressa
escapuliu
Renunciando
o mandato
Com medo da
Lava Jato
Viva meu
grande Brasil.
PÁDUA DE QUEIROZ
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