MESSIAS
HOLANDA
Chegou lá de Missão Velha
Trazendo um estilo novo
Um forró bem debochado
E caiu no gosto do povo
Mariá, Pra tirar Côco
Forró do Bom, Coma ovo.
Manuel Messias Holanda
No qual eu tive o prazer
De sentar-me a seu lado
Ouvir cantar e conhecer
Seu trabalho, sua história
Que jamais vou esquecer.
Nasceu no mês de Janeiro
Do ano quarenta e dois
Na cidade de Missão Velha
Mas cinco anos depois
Se mudou pra Fortaleza
Conforme o destino impôs.
Trabalhou
de camelô
Foi
menino de recado
Para
não deixar faltar
Na
sua mesa o bocado
E
o jovem do Carirí
Sempre
andava animado.
Com
sua cearenssidade
Desinibido
e inovador
Decidiu
cantar pro povo
Nordestino,
sofredor
Canções
com aquela pintada
De
irreverencia e humor.
Na
Ceará Radio Club
E
na Radio Iracema
A
voz de Messias Holanda
Com
seu humorado tema
O
ouvinte exigia
Em
cartas e telefonema:
Pescaria em Boqueirão,
Vendedora de rapé,
Mariá, Chico Preguiça,
E a Cantiga do Guiné,
Eu queria ser bananeira,
E Forró em Baturité.
No meado dos anos sessenta
A Jovem Guarda ditava
A moda, o estilo de música
Mas isso não ofuscava
O forró “levanta Poeira”
Que Seu Messias cantava.
E na década de setenta
Os artistas brasileiros
Cantavam musicas em inglês
Tinham nomes de estrangeiros
Morris Albert, Mac David,...
Mas não eram forrozeiros.
O
riscado que o povo
Gostava
mesmo de ouvir
Era
o Forró forrado
Pra
dançar, se divertir
Tomar
cachaça amarela
A
noite toda e não cair.
Veio
os anos oitenta
Com
o Rock Nacional
Um
tal de Ultraje a rigor,
Etecetára
, coisa e tal
Mas
trepar num Pé de Côco
Era
o assunto atual.
Toda
essas novidades
Com
o tempo passaria
Mas
na virada do Século
Talvez
até por ironia
O
destino quis calar
A
voz do grande Messias.
Adicionaram ao forró
Guitarra elétrica e teclado
Era o tal Ôxente Music
O Forró Estilizado
Que chegou pra substituir
O forrozão do passado.
Faltou palco, faltou loja
Para o forrozeiro antigo
A moda da moda eram bandas
E o artista sem abrigo
Ficou preso a historia
E é por isso que eu digo.
Que a desgraça, minha gente
É a tal da ingratidão
Monstruosamente burra
Que se nega a dar a mão
Pra caminhar lado a lado
Com as raízes do sertão.
Veja
só o resultado
A
música sem harmonia
É
uma batida só
Sem
letra, sem poesia
Chegou
o forró eletrônico
E
foi embora a alegria.
Eu
mesmo não perco tempo
Para
ouvir tanta besteira
Mas
tratam a nossa cultura
Com
desdém, dessa maneira:
O
que está velho, tá velho
Na
vida tudo é passageiro!
Discordo,
tenho o direito
O
direito de discordar
Messias
Holanda morreu
Porém
outro igual não há
Sozinho
ele era maior
Que
todos no Ceará.
Mas respeito o pensamento
De quem pensa diferente
Nem todo gosto é igual
Varia de gente pra gente
Me sinto até constrangido
Neste momento presente.
Fazer esta homenagem
Em memoria de alguém
Homenagem a gente faz
Em vida porque faz bem
Digo isso porque sei
Que assim pensava também.
O homem de Missão Velha
Que nos trouxe algo novo
E hoje eu sinto saudades
E também pena do povo
Que não ouviu Mariá
E nem tampouco Coma ovo!
Poeta Pádua de Queiróz
Baturité/CE 01.04.2018
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